Treinamentos nas Empresas Complementando Faculdades
Quanto do sucesso profissional de uma pessoa é explicado pelo seu conhecimento? Há muito tempo tem gente trabalhando para responder essa pergunta. Um clássico estudo da Universidade de Harvard nos Estados Unidos acompanhou 95 formandos por décadas e descobriu que aqueles que tiveram as melhores notas durante a faculdade não eram mais exitosos que os outros. Estudos posteriores confirmaram a conclusão. Quando eu faço essa pergunta para os executivos dos cursos que ministro a resposta é consistente. A maioria esmagadora acha que menos de 50% do sucesso é explicado pelo conhecimento. Uma quantidade notável acredita que esse número não passa de 30%. Minha vivência como executivo e consultor aponta na mesma direção.
Bom, se o sucesso não vem do conhecimento vem de onde? Para responder a essa pergunta é importante entender que os resultados que uma pessoa obtém nascem de três fontes, ou competências. As fontes essenciais, que estão ligadas as aptidões de uma pessoa. São qualidades muito intimamente incorporadas na personalidade de cada um e que se manifestam em seu comportamento habitual. Alguns exemplos são: a capacidade de correr riscos, a inclinação para o relacionamento com outras pessoas, a inteligência emocional e assim por diante. Um segundo tipo de fonte de competência é o conhecimento. Os modelos e teorias que aprendemos nas faculdades e nos livros. Por fim, existem as habilidades: aquilo que sabemos fazer porque alguém nos ensinou o processo passo a passo e que fazemos melhor quanto mais treinamos. Gerenciar projetos ou falar em público, são dois exemplos. Vale dizer que uma habilidade tem maior possibilidade de se desenvolver se estiver ancorada na suas aptidões e conhecimentos. Gosto de usar a nomenclatura proposta pela ONU para essas dimensões: Ser, Saber e Saber Fazer. Se unirmos esses ingredientes com uma quarta dimensão, que é o comprometimento (ou a motivação se você preferir) teremos uma grande probabilidade de sucesso. Logo o conhecimento, ou o saber, para aqueles que como eu se afeiçoam às nomenclaturas simples, tem uma parcela limitada de responsabilidade pelo êxito profissional.
Considerando essas informações, é chocante constatar que o sistema educacional de forma geral dedica praticamente todo seu tempo e energia ao saber, deixando o ser e o saber fazer em um segundo plano, quando contemplados. Algumas poucas escolas do ensino fundamental e médio começam a experimentar algo diferente, mas nada que possa ser considerado um movimento consistente rumo ao ensino com base em competências. As faculdades parecem estar ainda mais distantes, com uma abordagem absolutamente conteudista. Focam no conhecimento, deixando as outras competências por conta dos alunos. O resultado é uma revoada de recém formados aterrissando nas empresas com uma bagagem cognitiva impressionante de mãos dadas com uma grande falta de preparo para lidar com questões mais práticas. Poucos estão treinados, por exemplo, em comunicação interpessoal o que gera desentendimentos perigosos no dia a dia das empresas. Trabalho em grupo, gestão do tempo, liderança e relacionamento interpessoal são outras competências desenvolvidas “na marra”, o que acaba por gerar custos elevados em função de erros básicos cometidos. Custos esses, nem sempre fáceis de identificar e contabilizar. Empresas com mais visão buscam a ajuda de consultorias e fornecedores especializados em treinamentos corporativos para suprir essa carência.
Nesse momento de ressaca pós manifestações, em que um dos tópicos mais proeminentes da pauta de reivindicações foi a questão da educação, é importante estar atento não só aos aspectos quantitativos. Não basta ter mais educação. É necessário ter uma educação melhor.
O modelo oferecido dever servir efetivamente para que os jovens possam contribuir com suas empresas e consequentemente com a sociedade que elas ajudam a construir. E isso só acontecerá quando durante todo o trajeto educacional o aluno for pensado de forma holística, considerando todas as dimensões que permitem uma entrega efetiva: ser, saber e saber fazer.
(By Yuri Trafane – Sócio Diretor Ynner Treinamentos)