No futuro fará sentido falar em reter talentos?
Hoje pela manhã estive na reunião do Comitê Estratégico de Marketing da Amcham. Trata-se de um grupo que se reúne mensalmente para discutir temas relevantes para a área e trocar experiências. Aprendemos juntos.
Hoje tive o prazer de ver uma apresentação do competente consultor Samir Boulos sobre Gestão de Talentos com foco em Marketing e discutir o tema com executivos de empresas como Volvo, Consumer Voice, KPMG, HP, Peppers and Rogers, Drogaria São Paulo entre outras.
Durante a discussão tive um insight que gostaria de compartilhar. Na apresentação do Samir ele enfatizou que os jovens trocam de emprego cada vez mais rápido e alguns exemplos dos participantes coroaram esta constatação. O Wesley da Peppers and Rogers contou uma história sobre um jovem que ele entrevistou recentemente e que com 25 anos já havia trocado de emprego cinco vezes. Quando foi questionado sobre o motivo o rapaz achou tão estranha a pergunta que mal a compreendeu. E deixou nas entrelinhas sua indignação. Afinal, disse ele, se você recebe uma proposta de trabalho mais interessante, não faz todo sentido mudar? A reflexão coletiva que veio em seguida foi: o que devemos fazer para reter talentos que nesse novo contexto.
Imediatamente, algo me incomodou. Vejamos: se os jovens estão tão envolvidos com essa nova dinâmica do mercado de trabalho que mal conseguem entender um questionamento nesse sentido, será que o caminho é pensar em como reter os talentos ou se preparar para uma nova era em que você interage com os talentos de outra forma? Explico. Se, por hipótese, essa tendência se acentuar e o ritmo de mudança ficar cada vez mais intenso, o limite pode ser um novo paradigma em que contamos com o talento das pessoas sem tê-las empregadas. Assim como ouvimos uma música pela internet sem tê-la fisicamente, algo impensável há alguns anos. Um jovem brilhante pode trabalhar simultaneamente em vários lugares alocando seu tempo em função da demanda e do seu interesse. Alugando sua capacidade para quem conseguir pagar melhor em dinheiro ou (perdoem-me) tesão. E a tecnologia conspira totalmente a favor com Skypes, MSNs, Blogs, Twitters e Handhelds. Nesse caso viveremos em uma sociedade construída em rede, na qual todos os empregadores e empregados interagem dinamicamente. Tenho consciência que estamos muito longe desse modelo, caso ele venha a se materializar.
Mas se o mundo do futuro – próximo – for assim, será que não devemos começar a nos preparar agora? Quero saber a opinião de vocês. Os jovens estão realmente encurtando o seu tempo de permanência nas empresas? Isso vai se acentuar ou chegou no limite? Teríamos desprendimento para viver em um mundo assim? A hipótese faz sentido?