Lições da Copa 2014 (1)
Quando a editora da revista Exame me convidou para trabalhar com ela em uma reflexão sobre as lições que as Copas do Mundo trouxeram para o mundo profissional, fiquei muito animado, pois acho que as metáforas esportivas são sensacionais como ferramenta de aprendizado. O resultado ficou muito interessante e a reportagem está no site dessa conceituada publicação. O efeito colateral é que peguei gosto pela coisa e tenho olhado para essa edição da maior festa do futebol buscando novas histórias que possam trazer insights interessantes para o universo corporativo. Na segunda semana da competição encontrei diversas situações interessantes, dentre as quais destaco duas:
Fato: Chile mudou a escalação para jogar contra Espanha, mesmo depois de ter ganho o jogo contra a Austrália.
Lição Empresarial: nenhuma equipe (ou empresa) pode ter apenas uma tática. A forma de jogar depende do adversário. O time chileno pôde ser mais agressivo contra a esquadra australiana, por isso escalou Valdivia. Contra a Fúria, precisou de um meio de campo mais marcador, mudando o esquema de jogo e os personagens. No mundo corporativo, a estratégia não pode ser apenas fruto do melhor arranjo dos recursos disponíveis na organização. É preciso se perguntar como tais recursos interagem com o consumidor, concorrentes e ambiente econômico. Por exemplo, uma propaganda que funciona bem em um mercado, pode ser muito ruim para outro.
Fato: Espanha deixou a Copa muito mais cedo do que todos previam.
Lição Empresarial: a maioria das análises apontam a arrogância como motivo para a goleada sofrida para a Holanda na primeira rodada, mas certamente esse não foi o motivo da segunda derrota. Afinal, depois de uma humilhação tão grande a altivez certamente esmoreceu. Ainda assim, a Espanha jogou muito abaixo do que se esperava dela também contra o Chile. Por quê? Nossa tese é que ela não soube lidar com o fracasso. No futebol e no mundo empresarial é necessário aprender a assimilar as consequências das falhas, aprender com os erros e seguir em frente, tentando fazer melhor. Por exemplo, um vendedor que se abate por perder um contrato e entra cabisbaixo na visita posterior está pedindo para continuar fracassando.