Atitudes ou Aptidões
Em meu post anterior, comentei que prefiro chamar de “aptidão” o que a maioria chama de “atitude” no modelo de competências conhecido como CHA. Agora explico. Na essência desse modelo está a ideia de que para alguém ter uma ótima performance em uma atividade, precisa saber fazer, saber e ser.
O saber fazer está ligado ao domínio de um conjunto de práticas específicas. Quem sabe fazer, conhece os passos que levam uma tarefa a cabo. Se será excelente ou não na empreitada vai depender do quanto domina o saber e o ser por trás dela.
O saber está ligado aos conhecimentos que sustentam a tarefa em questão. Conceitos e modelos que instrumentalizam o saber fazer.
E por fim, e aqui está o cerne da questão, fica o ser. O conjunto de talentos e inclinações que permitem a alguém ser excelente no cumprimento de algum papel. Aquilo que está impregnado no tecido neurológico de cada indivíduo e que permite com que ele tenha alta performance. Sendo assim, a palavra “atitude” não é uma boa opção para descrever esse tipo de competência pois esse verbete está muito ligado à postura ou vontade de uma pessoa de fazer algo, enquanto o ser está ligado à inclinação. O que é muito mais compatível com a definição de “aptidão”.
Complemento dizendo que alguns autores descrevem a dimensão “ser” como “querer”, o que na minha forma de entender está totalmente equivocado. O “querer” é uma outra questão ligada a performance e não ao conceito de competências. Ao contrário do que pregam alguns pensadores corporativos, ter competência significa apenas ter condições de desempenhar uma tarefa. Não significa desempenhá-la. Se não fosse assim, seria inconcebível a frase, tantas vezes proferida no mundo corporativo: “ele é competente mas não quer nada com nada”. O começo dessa frase significa: ele tem condições de fazer – o que está ligado ao potencial de execução. Estamos falando de uma condição intrínseca – apenas potencial. A frase continua explicitando que a pessoa sobre quem se está falando não dedica a energia que gera ação – “não quer nada com nada”. Portanto não tem o que chamamos de engajamento, comprometimento, ou mais vulgarmente, motivação. Mas essa é outra história e será o assunto do próximo post.