Soluções Graduais
Pressa.
Essa é a palavra de ordem contemporânea. Por quê? A maioria de nós acha que em um mundo competitivo, apenas aqueles que se apressarem, serão bem sucedidos. O que é um engano. Um dos ingredientes do êxito, nos dias de hoje, é a agilidade; não a pressa. Aliás, a busca ansiosa por resultados velozes, tem mais chance de trazer derrotas do que vitórias. Estudos demonstram que empresas focadas nos lucros trimestrais tendem a produzir resultados menores a longo prazo, enquanto organizações com propósitos sólidos e preocupação com o futuro, aumentam suas probabilidades de prosperar. Cortar custos e demitir pessoas indiscriminadamente, por exemplo, pode iluminar o presente, mas escurece o futuro.
E na nossa vida pessoal a história não é diferente. Continuamos apostando em soluções rápidas para problemas complexos, o que geralmente traz alívio imediato para os sintomas incômodos que estamos experimentando, mas acaba não resolvendo a questão que, frequentemente, retorna com mais força depois. Dietas milagrosas, fórmulas para enriquecer do dia para a noite e soluções mágicas para dores e doenças capturam nossa atenção e consomem nossa energia, mas nos traem em algum momento. “Cada resultado instantâneo sussurra a mesma promessa sedutora de retorno máximo pelo esforço mínimo.”
Na maioria dos casos, as soluções que realmente funcionam são frutos de uma análise cuidadosa, na qual temos humildade para reconhecer os nossos erros, e só então propor soluções que requeiram uma mudança consistente de comportamento e que tragam resultados graduais. Ou seja, soluções ancoradas na paciência; artigo raro nos dias de hoje.
Antes de cairmos na tentação do imediatismo recorramos à provocação de Clarice Lispector que com sua poesia nos disse:
“Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”.
Texto publicado originalmente no Jornal “O Município” em 15/09/2018:
http://www.omunicipio.jor.br/wordpress/2018/09/17/solucoes-graduais/