Futuro: um lugar sem CDs de músicas nem funcionários de empresas.
As empresas da indústria fonográfica demoraram em perceber que a vida do CD estava chegando ao fim. Concentraram todos os esforços em manter vivo o modelo que encheu seus cofres no passado ao invés de se comprometerem em criar um novo modelo para encher seus cofres no futuro. O resultado? Não preciso contar. Você investiria suas economias em uma empresa que produz CD?
A essa altura você pode estar tentando fazer a ponte entre esse tema e a questão dos funcionários das empresas presente no título. Apesar de serem histórias totalmente diferentes os resultados bebem na mesma fonte. Têm a mesma fisiologia. Explico. Porque os CDs vão acabar? Porque no fundo as pessoas não precisam de CDs. Elas querem ouvir músicas. Mais que isso elas estão se dando conta que nem precisam “ter” as músicas para ouvi-las. Basta poder acessá-las na hora que quiserem. Elas baixam a música, passam para o pen-drive, colocam no ipod e carregam o arquivo para um lado e para o outro. No futuro, com a evolução do cloud computing nem pen-drive vai ser necessário. As pessoas terão um device, por exemplo um smart phone com conexão e acessarão a música que estará “na nuvem”.
Se você está quase sem paciência porque os funcionários e sua relação com as empresas, aí vai seu calmante. Acontece que as empresas atualmente pensam exatamente como pensavam os consumidores de CD do passado. Eu preciso “ter” um funcionário. Não. Uma empresa não precisa “ter” um funcionário. Ela precisa contar com a competência dele quando se fizer necessário. Basta que ele esteja acessível. Assim, uma mesma pessoa pode trabalhar para duas, três ou mais empresas, otimizando seu tempo e eliminando o “enrrolation” empresarial – peço desculpas pelo trocadilho infame, mas não resisti. Nesse cenário, cada empresa será uma rede instável de relacionamentos, movida por uma idéia estável e um direcionamento gerencial idem. Isso acontecerá em todas as esferas do trabalho? Não. Na dimensão operacional (fábricas, por exemplo) não vejo como essa idéia possa se concretizar. Vejo esse conceito aderente à realidade gerencial e principalmente para as empresas da chamada economia do conhecimento. Isso acontecerá rápido? Também não acredito, afinal é preciso vencer uma barreira cultural que chamo “presencialismo”, pois nesse novo modelo as pessoas estarão conectadas virtualmente. Afinal, uma pessoa não pode estar em duas empresas ao mesmo tempo. Cada um estará no seu site, quer isso signifique home-office, um café ou os enormes escritórios on-demand que têm surgido no mundo. Tenho convicção que quem se dispuser a avançar mais rápido nessa área ganhará velocidade, flexibilidade, redução de custos sem falar no aumento da qualidade de vida das pessoas. Durante um tempo a questão não será binária: somos ou não somos assim. Haverá um degrade. E as empresas que ganharem cor mais rápido ganharão mais espaço. Se você não tem mais aquele enorme pacote de CDs no seu carro significa que tem o espaço interno para aceitar essa idéia. Talvez seja apenas uma questão de tempo. Afinal, estamos falando do futuro e não de agora. Só não podemos esquecer que o futuro chega. Para a indústria de CDs, já chegou.