Após Longo Período de Home Office e Reflexões, Profissionais Buscam Novos Horizontes
O movimento conhecido como “the great resignation”, que levou milhões de americanos a pedirem demissão, chega ao Brasil motivado pelas mesmas ambições: um novo estilo de vida.
Durante a primeira onda de Covid 19, milhões de trabalhadores e empresas do mundo inteiro tiveram que mudar radicalmente seu modo de trabalho para se adequar ao isolamento social. Nos Estados Unidos, o que a princípio parecia apenas mais uma – dura – fase, se tornou um divisor de águas na vida de muitos profissionais e, consequentemente, das empresas. Acontece que este longo período em casa deu espaço para bastante reflexão e, ao serem convocados para retornar ao antigo estilo de vida, muitos sentiram que não “cabiam” mais ali. O resultado foi a “Grande renúncia”, nome dado pelo psicólogo e professor americano Anthony Klotz para o movimento de mais de quatro milhões de pedidos de demissão naquele país.
Para quem acredita que esta é uma onda passageira, uma pesquisa realizada pela Mckinsey em cinco países (Austrália, Canadá, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos) e em diversos setores, prova o contrário. Segundo os dados, 40% dos funcionários afirmaram haver no mínimo uma probabilidade moderada de deixarem o emprego nos próximos três a seis meses. Outros dezoito por cento afirmaram que sua intenção de ir embora varia entre provável a quase certa.
A pesquisa ainda aponta a razão de toda essa movimentação: os funcionários não estão mais em busca apenas do salário. Mais que isso, anseiam pela valorização dos aspectos humanos do trabalho. Almejam um senso de propósito, desejam conexões sociais e interpessoais com seus colegas e gerentes, e também um senso de identidade compartilhada.
Os brasileiros também estão vivendo a sua “Grande Renúncia”
Pedir demissão do trabalho parece uma realidade distante, de países ricos, onde as taxas de desemprego são baixas e as oportunidades são muitas. Contudo, este movimento está chegando também ao Brasil. Segundo um estudo realizado pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data, encomendado pela Revista Você S/A, a cada mês, quase 500 mil trabalhadores abrem mão de seus empregos e pedem demissão.
A pesquisa expõe que, apesar de economias muito diferentes, Brasil e EUA viveram um movimento semelhante: antes de 2020, observou-se estabilidade no número de pedidos de demissão. Contudo, passada a primeira onda da pandemia causada pelo Covid 19, houve um aumento abrupto e significativo de trabalhadores que decidiram assumir as rédeas de suas vidas profissionais e deram adeus ao emprego.
A razão para isso também não difere dos outros países. Após um longo período em isolamento, profissionais brasileiros estão priorizando sua saúde mental e em busca de oportunidades que lhes permitam viver seus propósitos.
Para o diretor e head de projetos da Ynner, Yuri Trafane, situações extremas, como a pandemia, fazem as pessoas questionarem aspectos essenciais de suas vidas. “Muitos saíram do piloto automático e estão se perguntando: por que eu trabalho? Que preço eu estou disposto a pagar para ter um salário? Vale a pena vender uma parte da minha vida apenas por dinheiro? Ou existe uma forma de equilibrar melhor minhas aspirações pessoais e profissionais?”, explica. Trafane continua dizendo que, muitas vezes, as respostas para estas questões apontam para a direção oposta do que esses indivíduos estão vivendo. Para outras organizações, outros lugares, outras recompensas além da remuneração. “É isso que leva muitas pessoas a pedirem demissão e buscar novos horizontes”, conclui.
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