Resumo do Livro “Four Thousand Weeks” de Oliver Burkeman
Supondo que você viva até os oitenta anos, você tem pouco mais de 4 mil semanas. Ninguém precisa dizer que não há tempo suficiente. Estamos obcecados com nossas longas listas de tarefas, nossas caixas de entrada superlotadas, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e a batalha incessante contra a distração. Veja o desafio de como usar melhor essas semanas!
Preparamos por aqui um resumo para você! E se gostar, corra para a sua livraria favorita.
Introdução: A Longo Prazo, Todos Estaremos Mortos.
Quem vive até os 80 anos, tem aproximadamente quatro mil semanas de vida disponíveis. O que é muito pouco se compararmos com todos os planos e ambições que nossa mente é capaz de articular. E o mundo contemporâneo com todas as suas possibilidades, torna essa lacuna ainda mais ampla. Então, a capacidade de gerenciar bem o tempo está na raiz do significado da vida. Mas grande parte das pessoas acha que isso significa encontrar meios para fazer mais coisas em menos tempo. E muitas conseguem. O problema é que isso não tem levado a uma vida melhor, e sim a mais ansiedade, mais atividades e resultados vazios. Além de constituir um grande paradoxo humano: quanto mais conseguimos riquezas e mecanismos de automatização das nossas atividades, mais ocupados nos tornamos. Em uma interminável preparação para o dia da plenitude que nunca chega.
Capítulo 1: A Vida e seus Limites.
O problema real não é nosso tempo limitado, mas a crença que herdamos sobre como usar o tempo que temos. Vemos o tempo como uma esteira cheia de recipientes (as horas) que vão passando e acreditamos que se não enchermos todos esses recipientes (com atividades que significam vida) estaremos fazendo mal uso do nosso tempo. Essa separação entre tempo e vida, acabou por entender o tempo como algo que precisa ser usado com pressa, gerando ansiedade e pressão contínua. A consequência é que na tentativa de dominar o tempo acabamos sendo dominados por ele. E ao invés de tentarmos viver em consonância com o que o mundo nos oferece, acabamos tentando controlá-lo, o que é impossível, e portanto frustrante. Em termos práticos, a atitude realista de abraçar a verdade de que não é possível fazer tudo que queremos, nos leva a colocar energia em tomar melhores decisões. Por outro lado, acreditar que é possível desenvolver um método para fazer tudo, nos leva a uma vida tão acelerada e cheia de ansiedade que acabamos nos perdendo. Como diziam os filósofos gregos e romanos: o mais nobre dos objetivos humanos não é se transformar em um deus, mas abraçar sua humanidade de forma plena.
Capítulo 2: A Armadilha da Eficiência.
O mundo contemporâneo nos oferece infinitas possibilidades de experiências a viver e coisas a fazer, enquanto a cultura estabelecida nos faz acreditar que a vida só vale a pena se o máximo delas for realizada. Para lidar com esse contexto surgem gurus e técnicas que nos querem fazer acreditar que é possível encontrar uma forma de realizar tudo que gostaríamos. Isso entorpece nossa capacidade de entender que existem escolhas difíceis a fazer. Quem acredita que é possível fazer tudo que quer, acaba se lançando numa busca frenética pela produtividade em uma jornada rumo a um objetivo inatingível. E o pior, na medida em que se torna mais produtivo, a pessoa vai criando uma imagem perante as outras pessoas que as faz jogar mais expectativas e tarefas sobre ela, criando um ciclo perverso e interminável, pois “quanto mais eficaz você se torna, mais você se transforma num reservatório ilimitado para a expectativa de outras pessoas” e “o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para realizá-lo”. O caminho para lidar com essa situação é se conscientizar que sempre haverá mais coisas para fazer do que tempo disponível, fazer boas escolhas e suportar a angústia do que não foi escolhido enquanto aproveita verdadeiramente o que foi escolhido.
Capítulo 3: Encarando a Finitude.
A decisão para fazer uma coisa leva a uma imediata consequência de sacrificar um infinito número de potenciais alternativas que deixam de ser feitas. Com isso, vou construindo uma vida e abrindo mão de milhares de outras, o que me coloca diante do inevitável fato de que minhas limitações e minha finitude só me permitem viver uma vida e abandonar todas as outras hipotéticas.
Capítulo 4: Se Tornando um Melhor Procrastinador.
O grande desafio de gerenciar nosso tempo limitado não é conseguir fazer tudo, mas entender como decidir de forma mais sábia o que não fazer. O que é extremamente difícil pois todos temos uma grande lista de coisas muito importantes. E aquilo que decidimos não fazer deve ser procrastinado indefinidamente sem provocar sofrimento. Enquanto aquilo que decidimos fazer não deve ser procrastinado. Três dicas práticas nesse sentido são: começar as suas ações com o que é importante para você; limitar o números de projeto em curso; e ser implacável com as prioridades médias, pois são essas que competem com as altas prioridades e acabam roubando tempo delas. Um inimigo da capacidade de fazer acontecer as coisas realmente importantes é a paralisa da perfeição, quando ficamos congelados pela ideia de que aquilo que vale a pena deve ser feito com perfeição. No fundo, nossa grande dificuldade de escolher caminhos vem da boa sensação de que todas as possibilidades estão abertas enquanto não tomamos uma decisão. Assim, mantemos o presente grávido do futuro na esperança de que ao não escolher um, podemos ter todos. Isso é verdade tanto para questões profissionais quanto para questões pessoais. Sendo a mais evidente a da escolha de um parceiro para a vida, o que muitos postergam indefinidamente na esperança de conseguir encontrar em um ser humano todas as qualidades possíveis e nenhum defeito. Mas os estudos mostram que nada causa mais ansiedade do que a existências de possibilidades em aberto. E que apesar de cobrar um preço, a decisão e tomada de um caminho acaba por gerar a sensação de estabilidade e bem estar.
Capítulo 5: O Problema do Melão.
Um dos grandes desafios que enfrentamos em nossa vida é a distração. Nossa atenção é puxada o tempo todo para coisas nas quais não gostaríamos de focar. E se considerarmos que nossa vida é a soma daquilo no que prestamos atenção, não é exagero dizer que pagamos com nossa vida toda vez que prestamos atenção naquilo que não queremos. A dificuldade nasce do fato que evoluímos fisiologicamente para estarmos atentos a tudo que acontece ao nosso redor para evitar os riscos do ambiente. Mas precisamos aprender a direcionar a atenção de forma voluntária para aquilo que valorizamos, para não vivermos toda a vida focados naquilo que não importa.
Capítulo 6: O Interruptor Íntimo.
A maioria das pessoas tende a evitar pensar naquilo que causa dor física ou emocional na esperança de que isso vai diminuir a dor, quando na verdade é apenas quando paramos de tentar bloquear nossas sensações e as encaramos de frente é que o desconforto evapora. A distração é um mecanismo que usamos para fugir de atividades que achamos entediantes. E as vezes para escapar da sensação de imperfeição e falta de controle que vem da tentativa de realizar tarefas que são realmente importantes para nós. Nesse sentido temos um interruptor íntimo que desliga nossa atenção que está focada naquilo que queremos fazer e a direciona às distrações que o mundo nos oferece e que na era das redes sociais são ainda mais tentadores.
Capítulo 7: Nós Nunca Temos Tempo Realmente.
Nosso sofrimento na luta pelo controle sobre o futuro é um exemplo evidente de nossa recusa em reconhecer nossas limitações nesse sentido. E enquanto ficamos focados em tentar controlar o que vai acontecer no futuro não nos livramos da ansiedade que nos impede de viver o único momento que realmente importa e que é o presente. Planejar é importante para construir uma vida significativa e para podermos exercitar nossas responsabilidades com relação às outras pessoas, mas quando passamos a ter a ilusão de que o futuro deve se desenrolar da forma como planejamos, produzimos frustração e ineficácia.
Capítulo 8: Você Está Aqui.
Quanto mais você foca em usar bem o tempo, mais cada dia se torna algo que você tem que superar rumo para algum lugar mais calmo, melhor e mais satisfatório. Que nunca chega. E quando você mantém o foco no futuro pensando que “quando algo acontecer” você vai se sentir satisfeito, você abre mão de viver o presente, que é a única coisa que existe. E do qual nós nos esquecemos porque somos educados desde crianças a pensar no presente como preparação para o futuro. A vida é uma sucessão de experiências transitórias que têm valor em si mesmas, mas que você vai perder se estiver pensando apenas no destino. Quanto mais você acredita que o verdadeiro significado da vida está no futuro, mais você evita encarar a realidade de que existir não vai te levar a um futuro momento da verdade que ainda não chegou. E o paradoxal é que ao tentar viver o momento; você está separando a vida do tempo e agindo de forma instrumental buscando fazer dessa experiência um meio para um fim, sendo que viver o momento é a única coisa que lhe resta e que portanto não deveria se transformar num esforço, mas simplesmente ser seu comportamento natural.
Capítulo 9: Redescobrindo o Descanso.
Aproveitar momentos de lazer sem nenhum objetivo adicional é algo considerado ruim no mundo atual. Na antiguidade, não trabalhar era nobre e um privilégio, mas depois da revolução industrial, passou a ser considerado algo negativo. O trabalho passou a ser visto como o real motivo da existência, enquanto o tempo livre apenas uma forma de se recuperar para o trabalho. Vivemos numa busca patológica por produtividade baseado no sistema capitalista que por sua vez encontra sustentação na ética protestante, segundo Max Weber. Por isso é muito difícil nos dias de hoje não ser refém da visão utilitarista do tempo que vem sendo infiltrada nos tecidos da sociedade há décadas e que nos condena a uma vida onde o lazer, o ócio e o descanso são vistos como perversos. É nesse mundo que os hobbies são considerados constrangedores por não adicionar nenhum valor além da sua prática intrínseca. Mas o hobby é libertador, já que além de não ser um fim em si mesmo, tem o potencial de não lhe exigir performance. É, teoricamente, uma atividade em que você se dá o direito de ser medíocre.
Capítulo 10: A Espiral de Impaciência.
As coisas são do jeito que são. E muitas levam o tempo que levam. A impaciência e a ação impaciente diante dessas situações não ajudam, e ao contrário costumam atrapalhar e diminuir a eficácia. Pressa, geralmente, leva a erros o que leva a necessidade de correção e consequente diminuição da velocidade. O curioso é que a cada dia, novas tecnologias são criadas para que possamos fazer as coisas mais rapidamente e ao invés disso reduzir a nossa impaciência, ela aumenta. A pressa compulsiva é uma doença que se auto alimenta; pois, quanto mais você quer fazer as coisas rápido, mais você fica ansioso e, por isso, mais precisa tentar fazer as coisas rápido, aumentando a ansiedade numa espiral perversa. A única solução é desistir e admitir que as coisas levam o tempo que levam. E ao agir assim, diminuímos a ansiedade, e passamos tomar melhores decisões que nos fazem mais eficazes, diminuindo ainda mais a ansiedade rumo a uma espiral positiva.
Capítulo 11: Ficando no Ônibus.
A paciência é uma qualidade pouco valorizada, pois é associada à passividade e à falta de poder. Mas num mundo que acelera cada vez mais, passa a ser uma grande vantagem. E três princípios que ajudam a cultivar a paciência são: (1) Desenvolva o gosto pelos problemas, se conscientizando que viver é resolver problemas e perdendo a esperança de que é possível ter uma vida sem eles e ganhando a esperança que uma existência significativa pode, e aliás, precisa de problemas; (2) Adote o incrementalismo radical, em que se faz pouco com constância ao invés de tentar fazer muito de uma vez, gerando ansiedade e levando à desistência; e, por fim, (3) Entenda que a originalidade começa na não originalidade, já que muitas vezes começamos as coisas de uma maneira simples e até simplória e ao persistir chegamos num ponto em que tudo ganha um impulso para a diferenciação e a excelência.
Capítulo 12: A Solidão do Nômade Digital.
A maior parte dos conselhos sobre produtividade assumem a premissa de que você é a única pessoa que toma decisões sobre a alocação do seu tempo e minimizam o impacto que as outras pessoas têm sobre ele. Isso pode levá-lo a buscar afastamento como forma de ter maior gestão sobre o tempo. O que é paradoxal pois, por um lado traz mais domínio sobre o tempo, mas por outro desconsidera a importância do contato humano para fazer o tempo valer a pena. O caminho é encontrar o equilíbrio entre ter autonomia para poder fazer as escolhas que têm sentido para você e, por outro lado, poder se engajar em atividades colaborativas que requerem algum sacrifício da sua agenda, mas trazem sentido para a vida.
Capítulo 13: A Terapia da Insignificância Cósmica.
Muitos de nós, em algum momento da vida, questionamos se estamos vivendo uma vida que vale a pela. E a pausa brusca imposta pela pandemia nos fez ver que existem outras formas de vivê-la, valorizando coisas diferentes do que temos valorizado e usufruindo de momentos frugais com grande valor. Desistindo da busca pela grandeza e nos contentando em viver a vida que nos cabe. E é um alívio se dar conta que nós não somos o centro do universo. Ao contrário, somos uma insignificante parte de um vasto cosmo que sempre existiu e vai continuar existindo sem nós. Isso significa que você não precisa se preocupar tanto em fazer da sua vida algo tão marcante. Nesse sentido a Terapia da Insignificância Cósmica é um convite para você encarar a verdade sobre a sua irrelevância no esquema das coisa e aliviar seu fardo de tentar fazer algo tão impactante com sua vida. Basta se preocupar apenas em vivê-la maravilhosamente como ela, simplesmente, é.
Capítulo 14: A Doença Humana.
O motivo que faz o tempo parecer uma luta é que nós estamos, constantemente, tentando dominá-lo. Queremos controlar nossa vida que se desenrola até finalmente nos sentirmos seguros e não tão vulneráveis aos eventos, acreditando que podemos fazer tudo o que gostaríamos. Mas a verdade é que se trata de uma luta que jamais venceremos, pois nosso tempo é finito e nossos desejos infinitos. Então seremos obrigados a fazer escolhas difíceis. Quando você abraçar essa incerteza estará pronto para diminuir sua ansiedade. Nesse sentido, cinco perguntas podem ajudar: (1) Em que áreas da sua vida você está buscando conforto quando o que precisa é assumir um pouco de desconforto? (2) Você tem estabelecido padrões impossíveis de atingir? (3) De que forma você tem que aceitar ser quem você é ao invés de tentar ser quem você poderia ser? (4) Em que áreas da sua vida você está esperando atingir a excelência antes de começar a agir? (5) Como você gastaria seus dias hoje se soubesse que suas ações não gerariam resultados durante toda a sua vida?
Posfácio: Além da Esperança.
Quando nós paramos de acreditar que a situação difícil em que estamos não vai se resolver sozinha, nós nos sentimos, finalmente, livres para, honestamente, começar a trabalhar nela. Precisamos parar de acreditar que vai ser possível fazer tudo que queremos fazer e que é possível nos livrarmos da sensação de incerteza que permeia nossa vida. Precisamos nos conscientizar que teremos sempre escolhas difíceis a fazer. Depois devemos fazê-las e buscar extrair o máximo possível daquilo que escolhemos. A vida humana é terrivelmente curta. Mas isso não deve ser razão para desespero, mas de alívio. Você precisa desistir de algo que sempre foi impossível: se transformar na pessoa excelente, infinitamente capaz, emocionalmente invencível, totalmente independente que você supostamente deveria. E então começar a trabalhar naquilo que é, gloriosamente, possível.
Apêndice: Dez Ferramentas para Assumir sua Finitude.
São elas: (1) Defina um rol de atividades exequíveis e o tempo no qual quer trabalhar; (2) Foque em poucos projetos de cada vez, conclua-os e somente depois abrace mais; (3) Decida antes aquilo no que você vai se permitir falhar; (4) Registre aquilo que você já fez a cada dia e não somente o que pretende fazer – o que é uma lista sem fim; (5) Escolha as batalhas que quer lutar na caridade, ativismo e política ao invés de querer fazer tudo para todos; (6) Transforme seus aparelhos móveis em algo sem graça e use o máximo possível aparelhos que têm apenas uma função; (7) Busque um olhar novo para o simples cotidiano; (8) Seja um investigador curioso nos relacionamentos e situações problemáticas; (9) Seja generoso impulsivamente sempre que tiver oportunidade; (10) Pratique fazer nada.
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