Resumo do Livro “Radically Human” de Paul Daugherty and James Wilson
Veja como as organizações líderes em seus segmentos usam o poder da colaboração ‘Homem-Máquina’ para transformar seus processos e seus resultados.
Preparamos por aqui um resumo para você! E se gostar, corra para a sua livraria favorita.
Introdução: Tecnologia dá uma Virada Radical
A tecnologia vem mudando intensamente a forma como pensamos e fazemos as coisas. E mais recentemente, a própria tecnologia, vem mudando a forma de interagir com o ser humano. Se no começo ela parecia vir a substituir as pessoas, cada vez mais ela está se configurando como uma entidade capaz de alavancar as capacidades humanas únicas, levando ao limite todo o potencial das pessoas. Para poder usufruir desse movimento é importante entender as cinco dimensões sobre as quais as novas tecnologias estão assentadas: Inteligência, Dados, Expertise, Arquitetura e Estratégia. E depois saber aplicar em quatro esferas: Talentos, Confiança, Experiência e Sustentabilidade.
Parte 1: Inovações Transformadoras
Capítulo 1: Inteligência.
O objetivo da Inteligência Artificial não é re-criar a consciência, mas resolver problemas alavancando as características cognitivas humanas e suplementá-las com as potencialidades intrínsecas dos computadores. Para isso, mais de três quartos das maiores empresas do mundo estão investindo em deep learning uma variação do machine learning. Mas ainda existe uma longa jornada a ser percorrida, pois as máquinas ainda não conseguem reproduzir habilidades muito simples da mente humana nem realizar atividades que as pessoas realizam com muita facilidade. Entretanto alguns projetos já estão conseguindo avanços interessantes: sistemas de manuseio de produtos que conseguem diferenciar distintos SKU’s para manuseá-los de forma adequada, sistemas que ajudam localizar produtos em portfólios complexos com mínimos erros, sistemas que estabelecem relações de causa e consequência para aumentar a probabilidade de indicação do tratamento preciso para a cura de doenças incomuns, sistemas que entendem vídeos e interpretam os acontecimentos, sistemas que conseguem simular o bom senso, sistemas que interpretam emoções, sistemas que entendem as intenções das pessoas. Sabendo disso, a alta liderança das empresas precisa garantir que existem pessoas em seus times aprendendo sobre o tema e experimentando caminhos que lancem mão dessas novas tecnologias para resolver os desafios de negócios que suas organizações enfrentam.
Capítulo 2: Dados.
A quantidade de dados gerados no mundo atualmente é estonteante. E o futuro promete mais. A Internet das Coisas deve gerar 73 ZB e cada ser humano deixará um rastro diário de 3.4 EB por dia em 2025. E quanto mais dados, maior a necessidade de poder computacional, que por sua vez abre novas possibilidades de geração e gestão de dados em uma espiral ascendente. Isso significaria que cada vez menos organizações teriam condições de explorar e se aproveitar dessa dimensão do progresso tecnológico. Mas algo com o potencial de eliminar esse privilégio está para acontecer. Vários estudos, baseados na capacidade do ser humano aprender a partir de poucas experiência estão emergindo de forma a permitir que seja possível usar bases de dados mais restritas para ajudar na performance organizacional, em situações como, por exemplo, a personalização na apresentação de ofertas em sites de e-commerce. A ideia é poder fazer mais a partir de menos dados. E com isso democratizar o acesso a essa poderosa dimensão da tecnologia da informação.
Capítulo 3: Expertise.
Cada vez mais o desenvolvimento virá da interação entre máquinas e seres humanos. As máquinas amplificam as capacidades mentais e físicas dos seres humanos enquanto os humanos treinam e criam parâmetros para a atuação das máquinas. E com relação ao treinamento das máquinas pelas pessoas uma dimensão vem se destacando cada vez mais: Machine Teaching, ou seja a transferências de conhecimento de experts de diversos níveis nas organizações para os sistemas de aprendizado de máquina. No limite o ser humano ensina mesmo sem saber que está ensinando na medida em que surgem sistemas capazes de “observar” pessoas e transformar seus conhecimentos “tácitos” dos quais eles têm pouca ou nenhuma consciência em conhecimentos “explícitos” codificados e racionalizados para depois uma máquina realizar tarefas que antes só podiam ser realizadas por pessoas com experiência. Outra abordagem em ascensão é o uso da interação entre máquinas e grupos de pessoas (as vezes leigos) para criar conhecimento e fazer previsões mais precisas. Na medida em que as empresas se derem conta das possibilidades que emergem unindo os poderes de máquinas e seres humanos elas terão suas competências multiplicadas.
Capítulo 4: Arquitetura.
Cada vez mais a arquitetura tecnológica irá ter o nível de flexibilidade e agilidade dos sistemas vivos. Para muitas organizações isso começa num processo de desacoplamento digital que permite as organizações manterem seus sistemas legados atuais trabalhando em paralelo com novas tecnologias, o que geralmente acontece movendo os dados da empresa para lagos de dados. Nesses lagos é possível obter muitas análises, visualizações e processamento de big-data que levam a melhores decisões. Além disso existe uma tendência de estruturar os sistemas em micro serviços ao invés de ter apenas um grande sistema que faz tudo e que precisa ser reestruturado cada vez que uma nova necessidade emerge. Para isso acontecer da forma adequada a estrutura precisa fazer uso do cloud computing, que permite não apenas economia de custos, mas também possibilidades mais amplas de inovação. Isso está em linha com a necessidade crescente de poder de processamento de dados. A boa notícia para todos os tipos de negócio é que os recursos computacionais estão também cada vez mais disponíveis. Além do que a tendência de Edge Computing oferece novas possibilidades que vão além do Cloud Computing na medida em que aproximam os dados com base nos quais as decisões são tomadas dos locais em que as máquinas precisam tomar tais decisões. E quando o Edge Computing pode laçar mão de redes 5G, o potencial de soluções cresce exponencialmente.
Capítulo 5: Estratégia.
A relação entre pessoas e máquinas vem evoluindo e podemos distinguir três grandes fases: a primeira, centrada na máquina, que passou a automatizar tarefas repetitivas, quando as pessoas deviam se adaptar às máquinas; na segunda a relação entre pessoas e máquinas passou a ser colaborativa com as máquinas complementando e potencializando as competências humanas através, por exemplo, da inteligência artificial e grandes bancos de dados, mas com a construção da estratégia ainda separada da execução; e a terceira onda, atualmente em curso é centrada no ser humano com as máquinas se adaptando a nós e onde cada vez mais Tecnologia, Estratégias de Negócios e Execução ficam mais interconectadas a ponto de se tornarem, praticamente, indistinguíveis. Nesse contexto, três rotas estratégicas emergem com força cada vez maior: (1) Para sempre Beta, em que os produtos evoluem continuamente a partir das lições aprendidas, em tempo real, na medida em que os clientes usam tais produtos; (2) Ideia Mínima Viável em que o foco está em lançar mão das tecnologias de Inteligência, Dados, Expertise e Arquitetura dentro do que for possível e estiver disponível e não buscando a situação ideal para começar; (3) Colaboração entre pessoas e máquinas, sendo que as últimas potencializam as possibilidades das competências das primeiras.
Parte 2: Competindo em um Futuro Radicalmente Humano
As tecnologias e estratégias apresentadas na parte um desse livro, precisam ser direcionadas para construir diferenciação em quatro áreas críticas para as organizações competirem de forma exitosa no futuro radicalmente humano: Talentos, Confiança, Experiências e Sustentabilidade.
Capítulo 6: Talento.
A tecnologia não pode ficar restrita aos profissionais técnicos das organizações. Todos as pessoas devem ser preparadas para usar a tecnologia como alavanca de performance individual e coletiva. Cada não especialista deve ser capaz de otimizar o próprio trabalho e resolver seus pontos de dor através da tecnologia. Para isso acontecer a empresa deve lançar mão de ferramentas que permitam pessoas não técnicas usarem a tecnologia. Além de educar tais pessoas em ferramentas tecnológicas, desenvolvendo um alto QT (Quociente Tecnológico). Vale dizer que essa abordagem gera muito mais resultado quando a força de trabalho é diversa e inclusiva. E quando as pessoas se sentem psicologicamente seguras para compartilhar suas ideias e agir sem medo de errar. Não basta mais contratar bons profissionais se eu não for capaz de empoderá-los para agir. Por fim, as pessoas devem ter liberdade para trabalhar de onde sentirem que são mais produtivas ao invés de serem obrigadas a seguir políticas rígidas de presença na empresa. Não existe receita nem boas práticas já estabelecidas com relação à gestão dos talentos em interação com a tecnologia. Tudo está sendo descoberto agora, por isso o caminho é experimentar e aprender enquanto o caminho é construído.
Capítulo 7: Confiança.
Como parte da nossa evolução biológica, desenvolvemos a capacidade de fazer julgamentos com relação ao quanto podemos confiar ou não em outras pessoas. Essa capacidade foi adaptada para tomarmos decisões com relação a produtos, empresas e marcas. Por isso, a confiança é um dos principais ingredientes nas nossas decisões de compras e nas nossas recomendações. Estudos mostram que empresas capazes de cultivar relações de confiança prosperam enquanto aquelas que não conseguem, passam por grandes desafios de sobrevivência. Na era digital, cinco aspectos que sustentam a confiança têm tido destaque especial: (1) Humanidade, ligado à capacidade das máquinas interagirem com as pessoas de forma parecida como os humanos fazem; (2) Justiça, ligado à capacidade de não replicar preconceitos e viéses inconscientes dos seres humanos; (3) Transparência, pois os algoritmos que usam deep learning ainda realizam operações que não entendemos para chegar em suas conclusões e cada vez mais as pessoas vão querer entender ao invés de aceitar dogmaticamente; (4) Privacidade, já que a enorme disponibilidade de dados sobre todos nós gera um grande paradoxo, pois quanto mais dados disponibilizamos melhor somos atendidos como consumidor, mas mais expostos ficamos; (5) Segurança pois o número de links externos em cada sistema vai crescer, expondo-os a ataques hackers que erodem a confiança de clientes em seus fornecedores e, portanto, o contínuo crescimento da economia digital depende da habilidade das empresas na proteção de suas operações e das informações de seus clientes. Tudo isso evidencia que confiança não é só uma questão de caráter das organizações, mas sua capacidade técnica de garantir que seu caráter será traduzido em relacionamentos confiáveis.
Capítulo 8: Experiência.
Não basta que as soluções para os problemas estejam focadas apenas na eficácia. Cada solução deve considerar também o impacto na experiência das pessoas. A plataforma usada pelas organizações deve ser reestruturada para aproveitar todas as possibilidades das novas tecnologias, que devem ser não apenas facilitadoras, mas direcionadoras da inovação, que por sua vez precisa buscar ir além do básico proporcionando experiências excepcionais para colaboradores e clientes. Quando isso acontece, podemos criar experiências radicalmente humanas a partir de, pelo menos, quatro tipos de abordagens: (1) Empoderamento, dando às pessoas condições de fazerem coisas que não poderiam fazer sem as tecnologias disponíveis; (2) Recompensas, sejam elas diversão, desenvolvimento pessoal ou satisfação através da interação e colaboração; (3) Adequação às pessoas de forma a dar o mínimo de trabalho e proporcionar o máximo de engajamento; (4) Responsabilidade indo além daquilo que é bom para o indivíduo e chegando até aquilo que é o melhor para a comunidade e para o mundo de forma mais ampla. As empresas que conseguirem prover as melhores experiências no contexto mais amplo vão se tornar partes indispensáveis nas vidas de seus colaboradores e clientes, fazendo-as se destacar de suas concorrentes menos imaginativas.
Capítulo 9: Sustentabilidade.
Todos os diversos novos recursos discutidos nesse livro têm estado a serviço, também, do encaminhamento dos enormes desafios de sustentabilidade que a humanidade enfrenta hoje. Estão surgindo: sistemas para monitorar o meio ambiente, para viabilizar economias circulares ajudando a criar cidades sustentáveis, diminuir a poluição e os gases de efeito estufa, criar novas moléculas para as doenças emergentes e aumentar o aproveitamento de resíduos industriais, entre outros. Acima de tudo essas tecnologias deverão ajudar os seres humanos a colaborarem entre si e com as máquinas para salvar o planeta. Algo que deve incentivar muito as empresas a colaborar é a constatação de muitos estudos que mostram que as empresas que levam o ESG a sério apresentam performance financeira muito acima daquelas que não o fazem.
Conclusão: Três Verdades e Uma Nova Oportunidade
Ao longo dos últimos anos, três verdades emergiram com uma clareza inegável: (1) Todas as empresas agora são empresas de tecnologia e é cada vez mais difícil elaborar uma estratégia sem pensar em tecnologia; (2) muitas empresas provaram que elas podem usar a tecnologia para inovar e mudar velozmente e isso serve de inspiração para aquelas que precisam fazer o mesmo, mas ainda não acreditavam ser possível; (3) na conexão humano/tecnologia o humano é o elemento ascendente e cada vez mais a tecnologia vai servir para alavancar o que existe de único nas pessoas. Juntas essas três verdades nos colocam num ponto de inflexão em que é possível superar muitas limitações tradicionais e criar organizações com as quais sempre sonhamos.
Referência: livro “Radically Human” dos autores Paul Daugherty e James Wilson. Editora: Harvard Business Review Press.