Adultos Aprendem Diferente
Crianças são diferentes de adultos. A afirmação é tão óbvia que algum leitor pode ter achado perda de tempo escrevê-la. Ensinar uma criança é diferente de ensinar um adulto. Apesar de tão auto evidente quanto a afirmação anterior, na prática essa segunda sentença não tem sido observada com a devida reverência. Faça uma pesquisa. Pergunte a algumas pessoas de um nível educacional mínimo se eles já ouviram a palavra Pedagogia. Você vai ouvir muitos sims. Peça uma explicação. Você vai receber muitas respostas certas e as erradas passarão raspando. Agora pergunte a essa mesma amostra por Andragogia. As respostas positivas despencarão. Aliás, nem o corretor ortográfico do Word, no qual ora escrevo, conhece o termo e eis que aparece um incômodo risco vermelho condenando à morte tal palavra. Saco a minha espada de defensor (o botão direito do meu mouse, no caso) e aplico-lhe um vingativo “Adicionar ao Dicionário”. Resolvido? Não. Pouco se conhece sobre o termo e sobre suas consequências, principalmente para a área de Treinamentos Corporativos. O resultado é que se aplicam em cursos e workshops organizacionais conceitos desenvolvidos para o aprendizado infantil (pedagogia) quando os princípios utilizados deveriam ser aqueles devotados ao universo adulto (andragogia). Talvez o primeiro passo para os interessados seja conhecer os seis princípios fundamentais da Andragogia:
1) Necessidade de saber por que precisam saber: adultos precisam entender porque estão aprendendo para conseguirem realmente se entregar à tarefa. O nível de dedicação de um adulto é diretamente proporcional à sua consciência do motivo da aprendizagem.
2) Aprendizagem autodirigida: adultos possuem um autoconceito de que são responsáveis pelas próprias decisões. Eles se ressentem e resistem a situações em que percebem que os outros estão impondo suas vontades sobre eles. Por isso precisam sentir que influenciam o que está lhes sendo ensinado e valorizam a liberdade para aprender da forma que mais faça sentido para eles.
3) Experiências anteriores: quando se envolvem em uma experiência educacional os adultos carregam vivências anteriores, inclusive ligadas ao tema ensinado. Isso precisa ser considerado na hora do ensino, pois tem influência na absorção de novos conhecimentos. Tudo o que se encaixa em seu esquema de conhecimento prévio é absorvido com mais facilidade.
4) Prontidão para Aprender: a disposição de aprendizado de um adulto cresce na medida em que sua vida pede o conteúdo que será ensinado. A absorção é maior quando o que está sendo oferecido vai ao encontro de desafios vividos pelo aprendiz naquele momento.
5) Orientação para a aprendizagem: os adultos se motivam ao aprendizado quando visualizam a aplicação prática daquele conteúdo, que é apresentado em exemplos que se aproximam de sua realidade.
6) Motivação: os adultos respondem a fatores externos como empregos, promoções e salários, como estímulos ao aprendizado.Entretanto os fatores internos são mais poderosos. O desejo de ter mais satisfação no trabalho, autoestima e qualidade de vida estão entre eles.