As boas apresentações são simples e têm a ver comigo!
Tente lembrar alguma boa apresentação que você assistiu nos últimos tempos. Na sua empresa, em algum congresso, num TED… O que fez com que você gostasse, lembrasse, refletisse sobre o assunto?
As boas apresentações em geral têm duas qualidades: relevância e simplicidade. A relevância faz com que uma comunicação genérica se torne essencial. A simplicidade torna a mensagem fácil de entender e fácil de lembrar.
Parece quase óbvio. E é. Mas, se todo mundo sabe disso, por que é tão difícil fazer no ambiente corporativo?
Porque há fatores externos, pressão, mudanças de rumo, platéias desatentas, que nos desconcentram, tiram do rumo e até nos fazem agir de maneira imprevista.
Para ajudar a pensar, descrevi algumas situações que vi recentemente. Veja se alguma tem a com sua própria experiência.
Situação | O que deu errado? | |
Cena 1. | Um executivo de vendas está recepcionando clientes varejistas para mostrar o lançamento de um novo produto.
Antes de começar, ele faz um discurso de boas-vindas, agradece a presença de todos e começa a falar sobre as qualidades de sua empresa, o diferencial em relação aos concorrentes e os resultados num ano difícil.
Os clientes perdem o interesse e dois deles saem antes de conhecer o novo produto.
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Falta de foco
O foco do discurso é na platéia, não em você mesmo. As pessoas se interessam pelos problemas delas. Você tem que mostrar que pode ajudá-los. Isso é relevância. |
Cena 2. | Reunião de apresentação de resultados trimestrais numa empresa. O chefe chega atrasado e já vai dizendo: “vou ter que sair mais cedo, vá direto ao problema”.
O executivo gaguejou, disse que precisaria mostrar o diagnóstico com mais clareza e tentou passar correndo pelo seus dezessete slides de apoio.
O chefe levantou-se, mais emburrado, saiu e disse para marcarem uma nova reunião. |
Falta de coragem.
Falar pouco significa preparar muito.
Escolher antes as idéias que vai usar, os encadeamentos. Significa, principalmente, escolher o que você NÃO vai dizer. Isso tem a ver com a simplicidade.
Se tiver três minutos para vender uma idéia, use-os com inteligência!
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Cena 3. | Um consultor vai fazer sua apresentação final para o board de um cliente. Ele quer mostrar que sua conclusão está bem embasada, então demonstra cada informação com dezenas de dados, gráficos e tabelas.
Os clientes começam a perder o interesse na apresentação, dois começam a teclar em seus celulares e a sua conclusão não chega a ser discutida. |
Falta de concisão.
O apresentador precisa fazer suas escolhas. O que mostrar e o que não mostrar.
Ele poderia construir seu raciocínio com idéias mais claras e deixar as informações mais detalhadas no anexo. Isso é simplicidade!
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Esses exemplos simples mostram que não é nada difícil fazer apresentações que funcionem. Mas exige treino e exige preparação.
Buscar a simplicidade não é difícil. Mas exige coragem de fazer escolhas. O que mostrar, o que não mostrar, editar, treinar, cortar, retirar coisas interessantes que não são essenciais, pensar antes.
Buscar a relevância também não é difícil. Mas exige um esforço de se colocar no lugar do seu interlocutor. O que interessa ao meu público? Como eu posso fazer uma ponte entre meu assunto e o problema deles? Eles estão cansados? Do que eles gostam?
Pode parecer uma contradição, mas para ser simples, é preciso abraçar a complexidade e escondê-la dos outros. Para ser relevante, é preciso pensar no problema dos outros antes de pensar no seu.
Boa sorte!