Em Busca de Resultados, Empresas têm Apostado em Coaches no Lugar de Chefes
Houve um tempo em que, no ambiente empresarial, a figura do líder devia exalar autoridade vertical. Em que o lema era “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Esse tempo passou. Isto é, em corporações onde espera-se que cada colaborador desenvolva todo o seu potencial, aumentando significativamente a produção, a ideia de um gerente autocrático já foi completamente ultrapassada.
Isso porque, segundo estudos desenvolvidos pela Gallup, os profissionais mais talentosos rejeitam completamente o gerenciamento de comando e controle. Eles anseiam por propósito e desejam líderes que saibam catalisar seu desempenho, desenvolvimento e engajamento por meio da conversa. Por esta razão, cada vez mais empresas têm mudado sua cultura e investido em gerentes que atuam como coaches, otimizando o desempenho dos colaboradores e trazendo clareza às estratégias e metas.
Coaches no lugar de Chefes como uma Megatrend
O diretor e head de projetos da Ynner, Yuri Trafane, afirma que, mais que uma tendência de mercado, essa é uma Megatrend. Trafane comenta que em mais de trinta anos de experiência observa essa mudança de forma evidente. “É totalmente compatível com o que se sabe há muito tempo sobre o comportamento humano: as pessoas se comprometem muito mais quando sentem que estão fazendo aquilo que tem sentido para elas, fruto da decisão delas”, explica.
Para ele, essa mudança é fruto de um movimento social mais amplo, que não aceita mais o poder imposto e busca líderes que querem mais servir do que serem servidos. “Acredito que essa semente sempre esteve presente na alma humana, mas era bloqueada pela estrutura de poder dominante. Com a flexibilização desse modelo as pessoas passaram a manifestar essa preferência de forma mais evidente”, comenta Trafane.
Como as empresas podem se preparar para esse cenário?
Yuri explica que, em primeiro lugar, é necessário contratar líderes que estejam abertos a agir de forma não autocrática. Isto é, líderes que não sejam apegados ao poder tradicional, que realmente acreditem no potencial humano e se sintam bem ao desenvolvê-lo.
Depois, é necessário um trabalho de capacitação. Treinamento, mentoria e coaching para os líderes saberem como fazer essa evolução de chefe para líder coach. E, por fim, preparar os liderados para saberem lidar com essa nova postura. “Depois de tanto tempo submetidos a um modelo de chefia autocrática muitas pessoas acabam castradas emocionalmente e precisam reaprender a estabelecer uma relação mais horizontal com a liderança”, explica.
A mudança do formato de gestão e liderança do chefe para o coach não é imediato. Demanda tempo e treinamento. Mas ao redor do mundo empresas já têm confirmado que os resultados fazem valer a pena.