Comunicação Não-Violenta: Pensamentos e Julgamentos X Análise
A Comunicação Não-Violenta nos propõe uma forma simples e prática para obtermos mais clareza em nossas trocas, tanto intrapessoais quanto interpessoais. Isso acontece quando focamos nas Necessidades (nossas e dos outros) e estabelecemos conexões tendo como base nossa humanidade compartilhada (Necessidades Humanas Universais).
Para favorecer essa Clareza, é importante que sejam identificadas as diferenças entre o que vemos (fato), observamos (nossas impressões sobre o fato), sentimos e elaboramos (pensamentos). E, na sequência o que é “importante” para nós (nossas necessidades) e o que fazemos a partir de tudo isso (nossas estratégias).
Dito isso, quero aqui compartilhar sobre as impressões que temos diante de um fato, quais tipos de pensamentos surgem, bem como as diferenças entre julgamento e análise.
Sobre Pensamentos/Julgamentos
A forma como nos colocamos diante de um fato / de uma situação influencia diretamente nos nossos sentimentos e como entendemos que nossas necessidades estão sendo ou não atendidas. Vou trazer um exemplo prático que pode acontecer num ambiente de trabalho e vou dividi-lo em duas partes a fim de trazer clareza sobre diferentes lados de uma mesma situação.
Parte 1
- Fui contratada por uma empresa e faltam 10 dias para acabar meu período de experiência. De manhã, chego no trabalho e meu líder já me chama para ir à sala dele.
- A garota que trabalha ao meu lado, também foi contratada na mesma semana que eu. E, ao vê-la, ele lhe disse “Fulana, depois de falar com a Ana, eu vou querer falar com você”.
Observem que os dois itens acima descrevem os fatos, de forma pura, simples, clara e incontestável.
Parte 2
2.1- Eu estou insegura. Preciso muito desse emprego, mas não tenho certeza de estar conseguindo performar dentro das expectativas dele. Na verdade, essas expectativas não estão claras para mim. Então eu penso/julgo da seguinte forma:
“Ah, ele não está com uma “cara” boa hoje. Deve ter chegado à conclusão que eu não sirvo. Está arrependido de ter me dado uma chance. Na verdade, eu acho que ele só deu porque eu insisti muito, falei logo no início da entrevista o quanto eu sonhava com essa oportunidade e que iria me dedicar ao máximo no trabalho. Ele vai me demitir. É isso!”
Vejam quanto julgamento “negativo/desconfortável” nesses meus pensamentos. Eu não acredito que minhas necessidades serão atendidas.
2.2- A Fulana ficou feliz com o “chamado” do líder. Desde que foi contratada ela busca semanalmente trocar ideias por alguns minutos com ele, expondo seus resultados e também suas dúvidas. Com isso, acabou conseguindo vários feedbacks dele. Então, ela pensa/julga da seguinte forma:
“Que bom ele querer conversar comigo hoje. Tenho certeza que ele está acompanhando a melhora na minha performance desde o início. Certeza que ele irá me efetivar.”
Vejam que nesses pensamentos também existe julgamento, só que “positivo/confortável”. A Fulana está confiante em que suas necessidades serão atendidas.
Mas, de qualquer forma (confortável ou desconfortável), o julgamento está presente em ambos os casos. E isso não é bom porque interfere na clareza em relação ao fato / à situação.
Quando conseguimos diferenciar o que observamos dos nossos julgamentos, aumentamos a chance de ampliarmos nossa clareza. E é ela que nos permite pensarmos em estratégias mais pertinentes e inclusivas, que irão suprir as necessidades de todos os envolvidos e não apenas as nossas.
No exemplo acima, de certa forma, a Fulana fez isso. Quando ela traçou a estratégia de checar semanalmente com o líder sobre seus resultados e dúvidas, ofereceu a ambos a oportunidade de alinharem as expectativas, deixando tudo mais claro para os dois lados. Ela não julgou simplesmente, mas tentou coletar dados que lhe permitissem uma análise mais real da situação.
Análise
Sob o olhar da CNV, é importante diferenciarmos:
Fica aqui o convite para que você experiencie no dia a dia o lado esquerdo da tabela acima, mantendo o máximo de consciência sobre a presença do lado direito, que talvez seja mais “gritante” por força do hábito. Não é para ser uma luta interna e sim uma experiência. Permita-se!
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