Comunicação: qual é a sua?
Neste artigo a consultora da Ynner Ana Lúcia Spina faz uma reflexão sobre nosso olhar em relação a nós mesmos no ato de comunicar. Nos acompanhe na leitura e deixe seu comentário!
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“Esse gerente parece muito envolvido”, ou, “Essa pessoa parece estar em outro mundo”. São expressões que facilmente podemos inferir sobre o outro depois de pouco tempo de contato. Olhamos para outra pessoa e somos habilidosos em julgar, extrair impressões e muitas vezes em um breve período de tempo, acreditamos ter a certeza de como essa pessoa é. Aliás facilmente definimos o outro em poucas palavras. Olhamos, avaliamos e acreditamos que essa avaliação traduz a realidade. O fato é que muitas vezes esquecemos que o outro está fazendo o mesmo com a gente e nós habitualmente não gostamos de ser reduzidos à impressões vagas.
Pensando nisso, a minha pergunta aqui não é sobre nosso olhar em relação ao outro, é sobre o nosso olhar em relação a nós mesmos. Sabemos como nos comunicamos? Sabemos como o outro nos vê? Sabemos como somos avaliados? Prestamos atenção nas conexões que tentamos fazer ou isso fica na responsabilidade do outro?
Não temos como controlar o que o outro pensa de nós. Nem temos essa pretensão, pois nem nós controlamos amplamente nossos pensamentos. Mas temos como nos desenvolver e criar melhores conexões se isso for do nosso interesse. Sim, é um desafio!
Ampliar a consciência do comunicador que somos é um enorme desafio. Até porque, na nossa história fomos aprendendo a lidar com nossos medos, dores, alegrias e filtrando um pouco ou muito, do que somos, do que deixamos comum.
Isso é a comunicação, a ação de deixar comum.
Criamos um comunicador que entra em contato com o mundo, muitas vezes diferente da comunicação interna que mantemos com a gente e assim, de modo geral, temos pouca consciência de como somos vistos em diferentes situações de comunicação.
Quer tenhamos consciência ou não, estamos deixando comum várias características que podem gerar oportunidades ou, algumas vezes, problemas.
Temos a tendência de utilizar somente nossa comunicação intuitiva, que é a comunicação que usamos pela vida toda sem prestarmos muita atenção em nós. A comunicação intuitiva é importante, no entanto pode ser pouco consciente e consequentemente não nos fornece estratégias.
Por isso é tão fácil atribuir o problema de comunicação ao outro sem tentar aprimorar nossas próprias conexões e pior do que isso, sem usarmos da imensidão que temos de possibilidades para serem aprimoradas.
Acredito que a natureza nos fez com determinado propósito – evoluir. E evoluir em muitos aspectos sendo a comunicação um deles.
Por onde começar quando queremos nos aprimorar na comunicação, quando queremos evoluir na comunicação?
Vamos fazer um pequeno exercício aqui: pense se você conhece pessoas que foram se desenvolvendo, ficando cada vez mais atentas ao outro, cuidando da forma como falam, valorizando uma boa conexão comunicativa. Conhecemos alguém assim? Somos assim?
Nossa evolução é a evolução de nossa consciência. Precisamos saber de nossas habilidades, de nossas vulnerabilidades, para podermos evoluir. A metodologia dos pontos fortes é um caminho brilhante para essa percepção. Identificar habilidades, ter uma leitura clara de nossos comportamentos, entender como funcionamos e a partir daí criar possibilidades de ação. É essa grandeza de possibilidades que a metodologia oferece.
Ampliar a consciência de quem somos é usar melhor o que temos. É não desperdiçar habilidades e mais do que isso, é trilhar a vida com ações conscientes rumo à novos resultados.
Em relação a comunicação, temos vários níveis de consciência.
Tem quem não perceba nada de si e só atribua problemas de comunicação ao outro e os resultados positivos a si mesmo.
Tem quem tenha grande domínio e consciência dos valores de cada parte, que controle os impulsos, que queira resolver e não criar problemas.
Essa consciência pode ser conquistada pelo autoconhecimento. Expressão que está cada vez mais no foco do ser humano. Esse caminho já foi alertado pelos maiores sábios da humanidade e é percebido como tendo relação direta com realização e sentido de vida.
Entender como somos é uma arte e explorar esse conhecimento, é uma dádiva.
É por meio da comunicação que colocamos esse conhecimento em ação, criando novas oportunidades, novas experiências, novas formas de se conectar com o outro e de nos revelar. Não é uma visão romântica de um lugar ideal, perfeito e estático, mas uma condição interessante que mostra os resultados que colhemos.
Então, vamos para mais um pequeno exercício de autopercepção como comunicador na intenção de chegar ao autoconhecimento: se tivermos que descrever em detalhes um amigo, parente ou colega de trabalho, sem dúvida temos muitas palavras pra fazer isso. E se nós formos nos descrever? E depois conferíssemos essa percepção com diferentes pessoas?
É um desafio interessante, não é?
Só é possível crescer na conexão humana se abrirmos o olho para nos vermos com clareza e sairmos do ponto cego de nós mesmos. É um convite à evolução e ao nosso poder de fazer.
Somos a soma de vários detalhes. Ser incrível tecnicamente não garante sucesso para a comunicação. É necessário vasculhar, olhar para nós mesmos com o olhar externo, entender o que causamos no outro. Olhar também de forma generosa, apreciando nossas habilidades. Não somos os únicos responsáveis em uma relação, mas quanto mais tentarmos entender nossas expressões, usar nossas habilidades e gerenciar nossas dificuldades teremos um cenário mais evoluído de nós mesmos. Não há garantia do certo, mas há possibilidade de aprendizagem e isso é libertador.
Um passo em direção a observação da comunicação traz um mundo de diferenças. Quando pensamos em mudança, muitas vezes pensamos em extremos, em um lugar de perfeição, mas como todo aprimoramento, o da comunicação também é um processo. O que não se pode é desistir de criar novas possibilidades e experimentar novos jeitos dentro de nós mesmos. Cada passo tem um valor incrível e retornos maravilhosos.
Maturidade comunicativa pode começar com tentar manter a presença apesar das diferenças. Uma presença respeitosa e de escuta. E eu agradeço por você ter chegado até aqui, presente comigo nesse ato de comunicação.
Que cada de nós saiba explorar conscientemente a imensidão e as possibilidades comunicativas que estão em nós.
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