De boa vontade …
Aprendi com as nutricionistas que devemos comer um pouquinho a cada duas ou três horas. Incorporei o hábito. Talvez por convicção, não duvido que por conveniência. Para que não me faltassem snacks saudáveis nesses momentos elegi o porta-luvas do meu carro como armazém. Desalojei os manuais e seus parceiros para despejar barras de cereal, biscoitos de fibra, saquinhos com soja, amêndoas e outros congêneres. Cada vez que abria o compartimento me saciava e irritava, já que a bagunça era notável. Tentei por meses manter a ordem. Separava os pacotinhos por tipos e colocava-os em ordem. Com o chacoalhar do carro a desordem se estabelecia. Quando não, a pressa de pegar alguma coisa para comer rapidamente e ir para a reunião cuidava de estabelecer o caos. Fui persistente. Arrumava semanalmente o ex-porta-luvas; agora porta-calorias-reduzidas. Mas sempre que o abria me defrontava com a incômoda desordem. E quando algum ocupante do posto de passageiro dava uma espiadela no local a reação era sempre parecida: “Noooosa, que bagunça”. Não me faltou persistência. Passei a arrumá-lo a cada dois dias. E a bagunça permanecia vencendo. Vencendo a minha boa vontade. Vencendo a minha determinação. Vencendo o meu compromisso.
A essa altura você deve estar se perguntando: o que esse post pessoal – e bobo – está fazendo em um blog de conteúdo empresarial? É que essa história é uma metáfora interessante para o que se passa em certas organizações. Explico. Algumas empresas acreditam que se você tiver pessoas comprometidas e trabalhadoras o resultado aparecerá em algum momento. Investem muito em atividades de motivação e focam seus programas de treinamento na em abordagens lúdicas que visam invocar mais envolvimento. Mas o fato é que por mais comprometida que uma pessoa esteja se ela não contar com a estrutura adequada e processos eficazes seu comprometimento não gera resultado. E sem ver resultados concretos o ser-humano desanima e perde envolvimento. Nesse caso as empresas voltam à carga com mais motivação e treinamentos divertidos. Em um ciclo sem fim.
Voltemos ao meu porta-snack. Por mais boa vontade que eu tivesse ele sempre estaria desorganizado porque carece de uma estrutura compatível com a ordem. Por isso, fui à busca de solução. Tentei com caixinhas e recipientes de todos os tipos, até encontrar dois tupperwares que se encaixam exatamente no espaço disponível. Em um organizei o que é salgado e outro o que é doce (diet diga-se de passagem). Está mais fácil armazenar e pegar o que quero. E o visual nem se compara. Minha boa vontade não resolveu, mas a estrutura certa sim. É claro que para manter o local arrumado tenho que continuar trabalhando um pouco pela ordem. Mas muito menos do que se não tivesse a estrutura. A minha motivação conta. Mas só traz resultados com estrutura e processo adequado.
No mundo empresarial deveria ser do mesmo jeito. Ao invés de investir apenas em treinamentos motivacionais os líderes precisam associá-los a estruturas e processos compatíveis. Não adianta apenas ter as pessoas certas. É fundamental que sejam as pessoas certas trabalhando unidas por processos coerentes em estruturas que favoreçam o resultado.
Afinal, como indica o título desse post, de boa vontade … o inferno está cheio!
E em sua empresa: há investimentos em processos e estrutura além de treinamentos de motivação?
Se o tema te interessou, vale a pena conhecer o treinamento Ynner de Gestão de Processos além dos treinamentos de Gestão de Projetos e Excelência em Gestão.