Executivo ou Capitão Caverna
A revista Veja dessa semana explica como a formação de casais nos dias de hoje é influenciada por aspectos ancestrais da constituição humana. É curioso notar como o ambiente de milhares de anos atrás pode influenciar a forma como agimos hoje. Parece até fantasia. Mas não é. Há uma área do conhecimento humano que se dedica a entender esse fenômeno: a Psicologia Evolutiva. E ela não é útil apenas àqueles que querem arrumar um bom parceiro ou parceira. Pode ser interessante também para entender muito do que acontece no universo corporativo e dar a luz a ferramentas interessantes para quem quer melhorar o seu relacionamento nas empresas. Um dos pontos de partida para entender esse tema é “A Teoria da Evolução das Espécies”. Em uma breve explicação, essa teoria diz que todas as espécies evoluem na medida em que os indivíduos mais adaptados sobrevivem e passam suas características aos descendentes enquanto os menos adaptados morrem e não geram prole, não perpetuando suas características. Isso não acontece de uma geração para a outra, mas ao longo de muitas gerações em que pequenas adaptações sucessivas vão se acumulando para gerar grandes mudanças ao longo do tempo. Isso significa, na prática, que ainda hoje carregamos características que foram desenvolvidas pela espécie humana ao longo de milhares de anos para se adaptar ao mundo em que vivia. Ou seja, somos muito evoluídos do ponto de vista social, mas habitamos um corpo feito para viver nas cavernas. E as consequências desse fato aparecem em todas as dimensões da nossa vida, inclusive em nosso trabalho e no desenvolvimento das nossas competências. Um exemplo clássico é as explosão emocional no ambiente de trabalho. Muitas pessoas em momentos de pressão se descontrolam e agridem verbalmente seus colegas travando brigas que podem comprometer suas imagens e seus relacionamentos e como consequência suas carreiras. Tal surto é compreensível à luz da Psicologia Evolutiva. Quando vivíamos na selva precisávamos reagir rápida e intensamente para sobreviver. E só sobreviveram aqueles que sabiam agir assim. Ao caminhar pela floresta um ancestral humano ouvia um pequeno ruído e precisava reagir rapidamente. “Fight or Flight”, como diz o ditado em inglês. Se fosse um predador seu deveria rapidamente fugir. Se fosse uma presa precisava atacar para poder comer e continuar vivo. Logo, a base de nosso cérebro é construído para reagir rápida e enfaticamente. Quando alguém no escritório diz ou faz algo que nos soe como agressão, reagimos recrutando a parte do cérebro que nos fazia sobreviver no passado e atacamos. Isso não significa que podemos usar essa teoria para justificar o que fazemos, mas para entender e usar tal entendimento como base da mobilização de outras partes do cérebro a favor de um comportamento mais civilizado e útil no longo prazo.
Como é fascinante o mundo das organizações. Como a Administração é uma Ciência Aplicada podemos – e devemos – lançar mão do conhecimento desenvolvido em muitas outras áreas para otimizar nossa performance como indivíduo e como grupo. A Psicologia Evolutiva é uma dessas áreas que nos brindam com insights muito interessantes rumo a excelência em gestão. E há tantas outras, desde que estejamos atentos ao mundo que nos cerca e às lições que diariamente nascem dele.
Se você achou esse tema interessante, vale a pena conhecer o Treinamento Ynner sobre Relacionamento e o Treinamento Ynner sobre Inteligência Emocional no Trabalho.