O Insight de Malcom McLaren: Os Sex Pistols, Uma Aula de Marketing
Um dos maiores movimentos da história da música foi o surgimento do Punk Rock nos anos 70. Em resposta aos cada vez mais eruditos e afinados do Rock Progressivo encabeçado pelo Pink Floyd, alguns garotos de NY resolveram “chutar o balde” literalmente. Eles não admitiam que o Rock estava ficando cada vez mais complexo, afinado e rebuscado e em 1974 eles decidem começar uma banda de Rock. Com um porém: nenhum deles sabia tocar nada. Nascia o “do it yourself”, o Punk Rock e seus precursores, os Ramones.
O mundo passava por um dos piores momentos dos últimos tempos com a crise do petróleo e a recessão americana (que acabava afetando inúmeras nações ao redor do mundo) nos anos 70. Era época de desemprego, falta de dinheiro e conflitos; e talvez por esse cenário explosivo é que a atitude transgressora do Punk ganhou tanta força.
Os Ramones conseguiram então, nesse cenário, um feito histórico no mundo da música (algo que só se repetiria quase 20 anos depois com o Nirvana): eles transformaram o underground em mainstream! O mundo inteiro se rendia ao nascimento do Punk Rock.
Muito atento a essa nova tendência do mercado da música, o empresário britânico da moda Malcom McLaren não se via satisfeito no mercado fashion e decide viajar para NY para uma feira fashion. Em NY ele se depara com um mundo prestes a entrar em uma erupção de mudanças. Durante a viagem, Malcom conhece e tenta lançar os New York Dolls e assiste a uma apresentação do Neon Boys (precursores do protopunk).
Na sua volta para a Inglaterra, McLaren percebe que as mudanças que estavam prestes a acontecer nos EUA, estavam prestes a acontecer também no Reino Unido. Ele toma então a decisão mais importante da sua vida, uma das mais importantes da música e que impactaria a sociedade britânica de maneira muito contundente: fundar os Sex Pistols.
Philip Kotler sempre prega que os profissionais de marketing devem estar extremamente atentos às tendências e megatêndencias do mercado, aquelas que impactam significativamente na maneira como as pessoas se relacionam e se comportam. Essas tendências acontecem em um ambiente de constantes mudanças influenciados por “fatores não controláveis”, forças e macroambientes.
E foi exatamente o que McLaren fez. Ele se atentou às forças, tendências e influências de macroambientes na cultura Americana e Britânica dos anos 70 e percebeu que uma nova oportunidade de mercado se abria, e que esse movimento seria muito forte, transgressor, imponente, anárquico e revoltado. O grande insight de McLaren foi fazer exatamente o que pregava o movimento que estava nascendo: selecionar integrantes para a banda com atitude punk, independente de saberem tocar algum instrumento ou não. Atitude era a palavra de ordem do movimento Punk.
Reunir os quatro Pistols foi fácil: Steve Jones e Paul Cook viviam na SEX (loja de McLaren). Glenn Matlock era balconista da loja aos sábados. Faltava escolher o vocalista.
Malcom decide então experimentar um velho freqüentador da SEX, um adolescente de dentes podres chamado John Lydon.
Johnny, que nunca tinha cantado na vida antes, foi aprovado por sua postura e comportamento anti-social, exatamente aquilo que Malcom buscava em seu vocalista. Os ensaios começam. Agora a banda se chama Sex Pistols e John Lydon vira Johnny Rotten (literalmente, Joãozinho Podre).
A partir daí a história da banda passa como um flash. No ano seguinte assinam um contrato com uma grande gravadora e lançam o single ‘Anarchy in The UK’. Os Pistols logo se tornariam os grandes inimigos da sociedade conservadora inglesa e figurinhas fáceis nos tablóides.
Em 1977, Sid Vicious entra para os Pistols,dividindo seu tempo entre o baixo e o vício descontrolado em heroína.
No mesmo ano, lançam ‘God Save The Queen’, um ataque à Rainha Elizabeth. O single rende a história mais mítica dos Pistols: durante as comemorações de 50 anos da rainha, a banda alugou um barco para um show particular dentro do Rio Tâmisa. O show foi interrompido e acabou em pancadaria quando a polícia subiu a bordo. A glória e a decadência rápida dos ingleses viriam logo depois.
Com seu terceiro contrato nas mãos, lançaram ‘Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols’ (algo como Não me Interessa Porra Nenhuma, Aqui Estão os Sex Pistols), seu único álbum, em 1977.
No ano seguinte, a banda foi exportada para uma turnê conturbada nos Estados Unidos.
Em 1979, depois de ser preso pela morte de sua namorada Nancy Spugen, Sid Vicious morreu de overdose. Era o fim dos Pistols, já uma das bandas mais importantes de todos os tempos.
“O propósito de Marketing é atender e satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. A área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, idéias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos. Porém eles podem declarar suas necessidades e desejos, mas agir de outra maneira. Podem não estar a par de suas motivações mais profundas e responder apenas às influências de última hora.” – Philip Kotler
Esse trecho do Administração de Marketing define como Malcom McLaren entendeu as necessidade do seu mercado e dos seus clientes, se adaptou a elas e lançou um dos maiores fenômenos da história da música. Além de tudo, o marketing de segmentação que ele criou para a banda, acabou virando marketing de massa (o punk foi de underground para mainstream em um ano) e continua faturando milhões, e milhões de dólares todos os anos.
Será que sua empresa está atenta às constantes mudanças de mercado? Ela consegue analisar forças, fatores e macroambientes, prever tendências e tirar proveito delas? Ela consegue trabalhar marketing de segmentação? E marketing de massa? Aqui está a aula de marketing dos Sex Pistols.