O Poder dos Clássicos
Nunca mais esqueci aquela resposta. Estava começando meu primeiro MBA e ao final da aula magna não resisti – como quase sempre acontece – e lancei uma pergunta: “Em meio a tanto conhecimento disponível, como posso saber para onde dirigir minha atenção? O que devo ler? O que devo estudar?” O palestrante tinha sido reitor da USP e secretário de Ciência & Tecnologia de São Paulo e a resposta me pareceu a altura de seu currículo. Objetivo, mas esclarecedor. “Concentre-se nos clássicos, disse Flávio Fava.” Depois explicou seu ponto de vista, mas o slogan era quase suficiente para me fazer prestar atenção na questão para o resto da minha vida.
Hoje, trabalhando ativamente em uma empresa de treinamento para ajudar as pessoas em seus processos de desenvolvimento, percebo que muitas das lacunas de desempenho acontecem por falta de conhecimentos que estão ligados aos fundamentos, que por sua vez, perambulam pelos clássicos. Pode parecer inverossímil, mas estou convicto que a performance da maioria das empresa seria arremessada a outro patamar caso seus colaboradores fossem excelentes em duas matérias básicas: matemática (o que inclui a lógica por trás dela) e comunicação, dentro de sua perspectiva mais ampla, ligada a capacidade de entender e ser entendido, seja em um diálogo, em uma reunião ou em uma apresentação pública.
O problema é que por serem temas muito básicos, as pessoas sentem-se constrangidas em retornar ao assunto. Assumem que como deveriam saber, sabem. E as organizações acabam fingindo que acreditam para evitar constrangimentos. Todos vão felizes para o nível dois dos treinamentos sem a segurança de estarem lastreados por um consistente nível um.