O Status de Estar Ocupado
A recente campanha de um medicamento antigripal me assustou ao mostrar uma atriz famosa andando rapidamente pela calçada de uma rua movimentada, junto de outras pessoas apressadas que, segundo ela, “fazem parte de uma nação que não pode parar por causa de uma gripe”.
Fiquei pensando na relação da mensagem transmitida pela campanha com o alerta sobre o status de estar ocupado, do qual falamos nos treinamentos de Gestão do Tempo da Ynner. Será que precisamos mesmo ser ‘’super-heróis’’ para dar conta de toda a demanda? Mais do que isso, será que toda demanda precisa mesmo ser cumprida? Será que uma gripe não pode ser o sinal de que estamos ultrapassando nossos limites ou ao menos uma dica de que é hora de pisar no freio por alguns dias? Será que não estamos agindo de forma impensada, querendo absorver tudo, sem deixar nada de lado? Que escolhas devemos e queremos fazer?
Uma nova síndrome nomeada de ‘’doença da pressa’’ está sendo estudada por pesquisadores brasileiros e pode ser diagnosticada em pessoas apressadas que carregam bolsas pesadas, estão sempre segurando papéis onde anotam tudo o que devem fazer, andam rapidamente e sentem remorso quando não estão fazendo nada. “A doença da pressa é caracterizada por um conjunto de comportamentos, que leva a pessoa a ter uma urgência de tempo. É como se ela tivesse de fazer muita coisa em muito pouco tempo; aquela sensação que ela tem de acabar de fazer tudo urgentemente”, explica a psicóloga Marilda Lipp, pesquisadora da PUC Campinas.
A pesquisa, que acompanhou o comportamento de pessoas em grandes cidades, mostra que 65% dos brasileiros apresentam comportamentos com tendência à síndrome da pressa. O índice chega a 95% no caso dos executivos. A questão é que, em função da pressa, pode-se sofrer de forma patológica, ou seja, desenvolvendo problemas mais graves.
Meu amigo Yuri Trafane faz uma análise interessante, de que parte da nossa sensação de falta de tempo é uma opção inconsciente por sentir esta angústia que parece ser o preço para poder vivermos em sociedade, já que muito da pressa é fruto da necessidade de ‘’fazer espuma’’ para gerar a sensação que estamos vivendo intensamente. O problema é que esta postura nos afasta das escolhas que temos que fazer na vida e que nos conduzem ao real bem estar.
Cuidado: a urgência vicia como droga e nos faz adoecer. E o melhor medicamento para isso é natural e não é vendido em farmácias: uma combinação de boas escolhas, priorização de tarefas, planejamento e foco.
Faça suas escolhas!