06/07/2022

Preciso de Coaching?

O coaching vem se apresentando nas últimas décadas, como uma ferramenta de desenvolvimento profissional bastante efetiva e, portanto, cada vez mais usada dentro das organizações. Os depoimentos sobre carreiras alavancadas a partir dessa abordagem são muitos. Então é natural que aquele que ainda não passou por um processo dessa natureza, se pergunte: será que um coaching seria útil para mim? Me acompanhe nesse artigo e descubra.

As Perguntas Essenciais para Definir se Preciso de Coaching.

Existe alguma coisa na sua vida que você gostaria de fazer de forma diferente ou melhor do que você faz hoje? Você está, realmente, disposto a investir energia nisso? Você está com dificuldade de realizar, sozinho, essa travessia entre a forma como tem feito e a maneira como gostaria de fazer tal coisa? Se as respostas a essas perguntas foram sim, você deveria considerar o coaching para lhe apoiar nessa jornada.

Muitas vezes essa mudança pela qual você quer passar é mais ampla, como por exemplo, abandonar a sua profissão atual, para fazer algo que você goste mais ou que tenha mais a ver com você. Em outras situações podemos estar diante de uma transição menos radical em que você quer continuar trabalhando na mesma área, mas quer mudar de empresa ou mesmo de área dentro da mesma empresa. Existe ainda a possibilidade de você ter um objetivo de escopo mais específico em mente como, por exemplo, o desenvolvimento de uma competência (por exemplo, fazer boas apresentações) ou a preparação para desempenhar um novo papel (uma hipótese é que tenha acabado de ser promovido a liderança da sua área). Seu desafio pode estar, ainda, na esfera pessoal: você quer adquirir novos hábitos. Apesar desse último ponto não ser o foco do nosso artigo, vale a pena constatar que o coaching pode ajudar aqui também, já que os princípios que regem um coaching pessoal ou profissional são, basicamente, os mesmos.

Mais Exemplos de Desafios para ter Certeza que Preciso de Coaching

Para reforçar, ilustrar e enriquecer a compreensão, aponto algumas frases que nós, coaches ouvimos de profissionais que apoiamos e que são o ponto de partida para processos de coaching ricos e produtivos:

Eu quero abandonar minha carreira como executivo e abrir meu próprio negócio.
Eu gostaria de mudar de área dentro da minha empresa.
Preciso ser um líder melhor.
Tenho que conseguir conduzir melhor as reuniões sob minha responsabilidade.
Gostaria de me relacionar melhor com meu chefe.
Eu preciso acelerar meu processo de desenvolvimento para dar conta de uma nova posição de liderança que assumi.
Tenho que parar de dizer sim para tudo que me pedem.
É muito importante que eu seja mais organizado.
Queria delegar melhor.
Preciso motivar a minha equipe.

O Coaching Começa com um Objetivo Claro

Essa introdução mostra que um processo de coaching efetivo começa com um objetivo claro. Quanto mais concreto é o desafio, maior a chance do trabalho ser bem sucedido. Entretanto, existem algumas situações em que a grande questão proposta pelo coachee é exatamente o estabelecimento de objetivos. Isso acontece quando a pessoa tem a percepção de que algo precisa ser mudado, por exemplo, em sua carreira, em seu rol de competências ou em sua performance, mas ela ainda não conseguiu definir com muita clareza, o que é. Nesse caso, o coach pode atuar apoiando o coachee na jornada de compreensão do seu momento atual e das circunstância a partir do que emerge o objetivo.

Isso não significa que o coaching começa sem objetivo, mas que o primeiro objetivo é, exatamente, definir um objetivo. Começar sem clareza nesse sentido é ferir a essência do coaching como instrumento de desenvolvimento prático rumo a um fim. Isso nos aproximaria de abordagens terapêuticas que admitem o início do processo sem objetivo e nos afastaria daquilo que configura o coaching sério. Vale dizer que para tais outras abordagens pode ser absolutamente válido começar dessa forma e ir construindo o processo na medida em que ele se desenrola. A psicoterapia é um exemplo. Mas enfatizo que esse não é o caso do coaching.

Vale encerrar esse tópico esclarecendo que as frases apontadas nos exemplos acima não são os objetivos, mas o ponto de partida para o estabelecimento deles. Com a ajuda do coach, o coachee trabalha sobre suas expectativas iniciais para estabelecer objetivos mais claros e metas que são parâmetros de atingimento mais concretos.

Estou Preparado para o Coaching?

Uma outra forma de entender se você pode se beneficiar de um programa de coaching é perguntando a si mesmo se a abordagem utilizada pelos coaches competentes se encaixa em suas expectativas. Se você espera um profissional que dê as respostas para as suas dúvidas ou lhe diga o que fazer em sua carreira; se você quer uma receita de como deve desenvolver uma dada competência … você vai se frustrar com o coaching.

No coaching o processo visa ajudar você, coachee, a mobilizar os recursos que você já tem para chegar onde quer chegar. Ou ainda, lhe apoiar na busca por recursos comportamentais e cognitivos que ainda não tem mas pode conseguir. O coach vai lhe incentivar a pensar de forma estruturada em seu desafio, lhe acompanhar no estabelecimento de metas claras e contribuir com a sua capacidade de gerar ideias, além de estimular a construção de planos concretos para sua jornada. Vai ainda lhe acompanhar na implementação desses planos e na avaliação de como você está caminhando rumo ao lugar aonde que quer chegar. O coach pode lhe lembrar sobre o seu potencial e até apontar ideias, mas sempre como hipóteses, que apenas você, pode dizer se encaixam na sua forma de fazer as coisas.

Uma das premissas por trás dessa abordagem é que a potência máxima de realização acontece quando as soluções emergem a partir da autonomia do coachee, e que quando a pessoa se sente realmente autônoma e responsável pelo próprio destino, isso gera uma enorme quantidade de energia para a realização daquilo que se quer realizar. Dito de uma forma mais coloquial: quando uma pessoa decide o que fazer e como fazer, a probabilidade de realmente fazer acontecer, cresce enormemente. Por outro lado, quando alguém recebe uma ordem ou determinação de como agir, pode até entender e concordar, mas não gera a mesma quantidade de energia para transformar ideias em realidade.

Além do que, cada ser humano tem padrões naturais de sentimento, pensamento e comportamento muito diferentes. Portanto, o que uma outra pessoa fez e funcionou tem grande chance de não funcionar da mesma forma para você, na medida em que ela partiu de recursos emocionais, cognitivos e práticos distintos dos seus. Por isso o coach competente não dá conselhos – nesse caso ele seria um conselheiro, mentor ou consultor. Ele não diz algo como “se eu fosse você eu faria …”. E não diz por uma razão muito simples. Ele não é você. E só você sabe o que lhe energiza para fazer o que precisa fazer e entende como fazer as coisas de forma que seja compatível com seus melhores recursos. De acordo com o seu ser, o seu saber e o seu saber fazer. Mas sim, ele pode funcionar como um agente externo que lhe ajuda a se enxergar de forma mais nítida, lembrando você dos recursos que tem e que por lhe serem tão naturais nem sempre são vistos, valorizados e usados intencionalmente da forma certa. Ele também pode lhe incentivar buscar referências e novos recursos. Ele pode até lhe apontar caminhos que você não tenha visto, mas, digo novamente, como alternativas hipotéticas e nunca como recomendação.

Como o Coaching Acontece na Prática?

Para você entender se precisa e quer passar por um processo de coaching pode ser interessante saber como ele acontece na prática. Dito de uma forma objetiva, o coaching se materializa através de conversas periódicas (geralmente semanais ou mensais dependendo do tipo de desafio, da urgência e da abordagem do profissional) onde o coach através de perguntas e provocações lhe apoia na jornada com o objetivo de lhe ajudar a fazer aquilo que quer fazer e atingir as metas que pretende atingir.

Existem muitas variações sobre a macro estrutura de um processo de coaching, mas geralmente ele tem três grandes etapas: (1) a compreensão no momento presente, o que inclui o autoconhecimento e a reflexão sobre as circunstâncias que cercam o coachee; (2) a definição do destino, ou seja a situação desejada e suas consequências decorrentes; e finalmente (3) a construção do caminho que leva o coachee do momento presente para a situação desejada, com as respectivas decisões e ações.

Uma vez que esse tripé estiver estabelecido, pode acontecer do coachee querer seguir a jornada sozinho, implementando aquilo que foi definido com o apoio do coach, mas geralmente não é isso que se passa, pois um dos maiores desafios num processo de mudança não é a definição teórica do que fazer, mas principalmente, o encontro da teoria com a realidade e a capacidade de superação dos obstáculos práticos que se apresentam ao longo do caminho. Então, o mais comum e recomendável é que a etapa três citada acima se estenda até que o coachee se sinta seguro que conseguiu fazer os planos transitarem da teoria para a prática. E mais do que isso, transitar de forma consistente e estável.

E isso é muito importante, pois eu já pude presenciar situações em que o coachee até consegue fazer uma (ou poucas vezes) o que pretendia fazer e passa a acreditar que “já chegou lá”. Não é incomum que após abandonar o processo, vá gradativamente voltando aos padrões de comportamento anterior até perder totalmente as conquistas que tinha realizado. Isso não significa que o processo de coaching deva continuar indefinidamente, pois isso também não se mostra produtivo. Enfatizo que a ideia é garantir que o novo comportamento esteja estabelecido de forma estável no cotidiano do coachee.

Como Identificar um Bom Coach?

Se você concluiu que precisa de um coach para a jornada que está tentando empreender e se identificou com o processo descrito, o próximo passo é encontrar um coach que atenda suas expectativas.

E nada mais seguro do que receber a indicação de alguém que você confia e que tenha passado por um processo de coaching com um profissional específico. Descubra, entre as pessoas que você conhece, quem já passou por um processo de coaching e peça recomendações. Esse é o primeiro passo, mas é fundamental ir além. Complemente essa indicação com uma verificação das credenciais: formação, experiência e certificações.

A formação garante que o profissional está se baseando em um conjunto de conhecimentos consistentes e boas práticas. Veja qual a instituição formadora do coach e suas credenciais.

A experiência é um bom indicador da capacidade do coach colocar em prática de forma relevante aquilo que aprendeu. Vale a pena saber há quanto tempo o coach com o qual você pretende trabalhar atua e com que frequência. A própria pessoa que lhe indicou pode ter informações sobre isso. Uma consulta ao LinkedIn ou outras redes sociais também pode ajudar.

Melhor ainda se o profissional for certificado por uma entidade séria. Isso garante que a formação alegada pelo coach é real e feita através de instituições consistentes e que sua experiência foi confirmada. As duas certificações que mais respeito no mercado, são da ICF (International Coach Federation) e da Gallup através do seu Gallup Global Strengths Coach Course. Ambas exigem atualização periódica das credenciais e aplicam provas de conhecimento.

Preciso de um Coaching Baseado Pontos Fortes?

Uma abordagem cada vez mais valorizada e crescendo de forma consistente no Brasil e em todo o mundo é o Coaching Baseado em Pontos Fortes. Uma metodologia baseada no autoconhecimento profundo com relação aos padrões de pensamento, sentimento e comportamento do coachee, ou seja seus talentos. A ideia central é ajudar a pessoa a atingir seus objetivos a partir do que ela tem de melhor. Uma jornada em que o coach ajuda o coachee a entender, valorizar e aplicar sua essência natural transformando seus Talentos em Pontos Fortes que são a base para suas conquistas. Os pontos fracos também são tratados nessa metodologia, mas de uma forma diferente, a partir daquilo que o coachee tem como recurso natural ao invés de buscar fazer com que a pessoa tente se transformar naquilo que não é. O que é muito improdutivo, ineficiente e, quase sempre, improvável.

Quer se aprofundar e entender mais sobre o coaching? Leia esse artigo: