Recursos Humanos em Evolução: Como Será o RH do Futuro?
Todo profissional, seja qual for o campo de atuação, precisa evoluir constantemente para se manter relevante nesse mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. Na área de recursos humanos, não é diferente! O ponto de partida é entender os próximos passos para saber como se posicionar como um profissional de RH do futuro.
Se você trabalha no time de pessoas da sua empresa ou ocupa em uma posição de liderança — funções que exigem muita habilidade interpessoal — este é um artigo que propõe reflexões úteis. Vamos juntos?
A evolução do RH
Já faz tempo que boa parte das empresas fizeram a transição do DP (Departamento Pessoal) para o setor de RH (Recursos Humanos). Enquanto o primeiro era um espaço com características burocráticas, focado nos processos administrativos e legais relacionados aos “funcionários”, o segundo emergiu com a proposta de humanizar a relação com os indivíduos. A ideia central é a de potencializar a contribuição de cada pessoa, levando a organização à sua ótima performance.
É verdade que ainda existem muitas empresas estacionadas na era do DP e tantas outras apenas com o discurso de RH, mas a tendência é que isso seja cada vez mais raro. Principalmente porque é difícil sobreviver no ambiente competitivo contemporâneo sem poder contar com o melhor de pessoas excelentes.
E como a roda do mercado não para, o que era ideal, acabou se transformando em insuficiente. Cuidar das pessoas, criar condições favoráveis de trabalho e estimular o desenvolvimento humano passou a ser muito pouco. Por isso, a área de RH e seus profissionais precisam se reinventar novamente.
O papel da estratégia no RH do futuro
Muitas áreas de RH ainda são vistas nas organizações como elementos quase desconectados da essência do sistema corporativo. Nessas empresas, a alta liderança acha que o RH pensa nas pessoas de maneira isolada, sem considerá-las entidades integradas às estratégias e ao negócio. Isso fica claro quando notamos que representantes do RH não são convidados para as reuniões estratégicas ou quando suas influências são secundárias nas discussões mais relevantes.
Porém, cada vez mais, o RH será convocado pela liderança para agir como um subsistema, trazendo contribuições robustas para a compreensão do ambiente competitivo, a elaboração de estratégias e a construção de planos. A expectativa é a de que os profissionais do RH discutam no mesmo nível das áreas tradicionalmente mais ligadas ao negócio, como vendas, marketing, operações, finanças e logística.
Além de participar dessas definições generalistas essenciais, o profissional de RH do Futuro deve trazer expertise para sustentá-las. O ponto aqui é: como atrair, integrar, liderar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar as pessoas certas para que elas maximizem a estratégia definida, executando-a com excelência?
A importância de ser estrategicamente humano
Uma grande quantidade dos profissionais de RH têm formações ligadas ao comportamento humano, principalmente psicólogos, sociólogos, antropólogo e filósofos. O que é maravilhoso, pois essa perspectiva é essencial para as corporações.
Por outro lado, é importante evoluir rumo à incorporação de competências ligadas ao negócio. Seja por meio de formações complementares, seja pelo aprendizado prático deliberado, com o apoio de mentores, líderes coaches ou coaches externos, é fundamental adicionar o conhecimento empresarial específico. Só assim os profissionais de RH de formação humanista poderão trazer, com excelência, as contribuições esperadas. Se for possível, mesclar as duas estratégias é um diferencial.
O inverso também é verdadeiro. Profissionais egressos de faculdades ligadas ao sistema organizacional (administração, economia, propaganda, engenharia de produção, entre outras) que forem atuar no RH precisam agregar conhecimentos robustos sobre o comportamento humano. Sem isso, corre-se o risco de desenvolver uma visão utilitarista das pessoas, com prejuízo da autenticidade e da eficácia organizacional.
A lógica é: um profissional que conheça de negócios sem entender profundamente de gente precisa ampliar seus horizontes; e quem entende muito das pessoas tem de aprender a sem dominar os fundamentos dos negócios.
Em sua essência, o profissional de RH do futuro deve valorizar genuinamente o ser humano, conhecendo sua natureza profundamente, ao mesmo tempo em atua como estrategista. É alguém que se interessa pela organização como um organismo complexo gerador de valor e que só será próspero na medida em as pontas humanas e econômicas andarem juntas.
O conjunto de conceitos e técnicas do RH do Futuro
Além de estar preparado para agir como um parceiro estratégico na organização, o profissional de RH do Futuro precisa conhecer novas perspectivas e dominar as ferramentas disponíveis para cada uma das atividades do ciclo humano na organização.
Veja os principais tópicos, divididos pelas diferentes estapas!
Atração de talentos
Aqui, o destaque é para o conceito de Employer Brand. O RH precisa estabelecer uma sólida parceria com o marketing, de modo a aproveitar a expertise dessa área para a construção de uma marca que seja atraente aos profissionais mais competentes e talentosos do mercado.
Recrutamento
É fundamental o domínio das redes sociais, particularmente o LinkedIn, como ferramentas essenciais para localizar as pessoas que sejam compatíveis com os valores da organização e tenham as competências para as funções específicas. Vivemos a aceleração da virtualização do trabalho, e nesse cenário, talvez seja possível encontrar seu próximo colaborador em um país muito distante.
Seleção
A capacidade de usar abordagens não convencionais para escolher os melhores e mais compatíveis é essencial. Um exemplo é a gamificação do processo seletivo, empreitada na qual a parceria com TI é extremamente útil. O uso de ferramentas de Data Analytics ajuda muito, por exemplo, ao incorporar o método do desvio positivo para aumentar a probabilidade de escolher pessoas com o perfil adequado.
Integração
Sem um onbording decente, o potencial de contribuição de um novo colaborador decresce. E aqui a área de RH deve dominar em profundidade a visão sistêmica da organização para garantir que consiga mostrar para todo novo profissional que sua contribuição só será relevante se ele entender o impacto de sua especialidade no modelo de negócio.
Treinamento inicial
Não basta que o profissional seja cultural e estrategicamente integrado à organização. Ele deve ser treinado tecnicamente para as funções que vai exercer. A tecnologia é uma grande aliada aqui. O uso de EAD, para aumentar a agilidade e produtividade, a aplicação da realidade virtual, a realidade aumentada e a inteligência artificial são ótimos recursos. Principalmente em áreas mais operacionais, com ênfase para aquelas em que existem riscos à integridade física, o uso de recursos modernos pode fazer toda a diferença em simulações.
Liderança e gestão
Aqui, o uso dos conhecimentos de People Analytics, Economia Comportamental e Neurociência são essenciais. O papel do RH é capacitar a liderança da organização com base não em palpites ou achismos, mas em ciência comportamental. Lançando mão de estudos com lastro estatístico para forjar a relação entre líderes e liderados. O conhecimento de métodos de avaliação de engajamento consistentes e dos fatores que aumentam o bem-estar e a performance fazem a diferença.
Compensação
A capacidade de estabelecer novas formas de remuneração, o que requer, principalmente no Brasil, uma forte parceira com a área jurídica, é importante. Além do que a compreensão de fatores não financeiros na percepção de recompensa do colaborador tem um impacto relevante na performance. Entender o impacto do clima e da cultura na sensação de que vale a pena trabalhar em um lugar é fundamental. O que está ligado ao entendimento das diferenças geracionais na condução das políticas de RH.
Engajamento
Este tópico está intimamente ligado com o anterior, e aqui a mudança de paradigma vem sendo avassaladora. Organizações que focam naquilo que as pessoas têm de melhor apresentam desempenho muito superior. O conhecimento da Psicologia dos Pontos Fortes e da Psicologia Positiva são fortes aliados da área de RH quando emerge esse tema.
Desenvolvimento
Um profissional de RH que não está antenado para o enorme arsenal de ferramentas de desenvolvimento disponíveis aos seus colaboradores está perdendo oportunidades. Do encontro das novas tecnologias de aprendizado com as descobertas sobre o funcionamento do cérebro humano, nascem perspectivas ímpares para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Tendências como: microaprendizado, adaptação personalizada, neurociência aplicada ao aprendizado, entre outras, trazem benefícios incríveis para pessoas e empresas. A mudança de perspectiva de melhoria de fraquezas para alavancagem de forças tem um impacto relevante cujos resultados são amplamente comprovados em estudos.
Avaliação
Muitas empresas vêm desistindo do processo formal de avaliação em função de sua recorrente ineficácia. Conhecer o que a ciência comportamental diz sobre esse assunto e as abordagens inovadoras pode inverter a lógica e desmontar processos avaliativos que já não são mais úteis para as organizações.
Desligamento
Até no último contato do colaborador com a empresa, o RH do futuro será diferente. Será que sempre faz sentido o conceito de retenção? Mesmo dos melhores talentos? Ou será que uma nova economia de relações transitórias está surgindo? É a chamada Gig Economy. Talvez o futuro das relações empresas e colaboradores seja um misto de retenção de algumas funções e relações perenemente transitórias de outras.
Quais desses elementos do RH do futuro você acha que terão mais impacto nas carreiras dos profissionais da área? Deixe seu comentário e vamos aprofundar a discussão!