Soft Skills: como ajudar minha equipe a desenvolvê-las?
Faça ao profissional do mundo corporativo a seguinte pergunta: quanto do seu êxito na carreira você acha que vem de competências cognitivas/técnicas? E quanto do seu sucesso vem de competências comportamentais? (também conhecidas como soft skills ou soft competencies).
Se esse profissional se parecer com os participantes de nossos treinamentos ou com os alunos de cursos de MBA onde ministramos aulas, ele vai considerar que a maior parte do sucesso profissional vem de competência não cognitivas, ou seja, as soft skills. Isso é compatível com nossa experiência e com alguns estudos da área.
Essas soft skills estão ligadas a comunicação, inteligência emocional e social, criatividade, capacidade de correr riscos e lidar com conflitos, entre muitas outras.
O curioso, é que mesmo que esses profissionais saibam da relevância das soft skills, o senso comum pode guiar alguns desses profissionais, a buscar ferramentas de desenvolvimento técnico-cognitivo, tais como MBA’s, Pós Graduações e Cursos técnicos. Infelizmente, acabam ignorando ou dando pouca atenção às suas soft skills.
Será que com você é a mesma coisa? Se realmente acredita que nosso comportamento tem grande impacto na nossa carreira, por que dedicamos tão pouco tempo a ele?
Talvez, o principal motivo seja por não entender quais são as ferramentas disponíveis para desenvolvermos essas habilidades. Então, que tal conhecermos algumas? Continue a leitura para saber mais.
Como desenvolver Soft Skills no próprio trabalho
Se você se interessa pelo tema de desenvolvimento, já deve ter ouvido a expressão: 70:20:10. Ela é uma expressão sintética da tese de que 70% do desenvolvimento de competências vem do trabalho cotidiano; 20% da interação com outras pessoas e 10% de treinamentos formais e estruturados. Isso se mostra muito efetivo, principalmente quando estamos falando de Soft Skills.
Afinal, nada cria mais repertório de comportamento organizacional do que a experiência de viver dentro da organização. Mas para realmente aprender enquanto trabalha uma pessoa precisa entender a diferença entre prática simples, prática intencional e prática deliberada.
Dito de forma didática, a prática simples acontece no simples ato de ir ao trabalho e fazer o que deve ser feito. Muitas pessoas acreditam que o fato de viver uma experiência leva à excelência, o que não é verdade.
Os estudos do Professor Anders Ericsson mostram que quando simplesmente repetimos uma atividade, melhoramos nela rapidamente no início, mas depois atingimos um platô mínimo satisfatório e não evoluímos a partir daí.
Então, por exemplo, se pensarmos na Soft Skill comunicação: o ato de se comunicar no dia a dia da organização faz com que um neófito domine alguns recursos úteis sobre comunicação empresarial e melhore um pouco, mas não o leva muito além.
Prática Intencional e Prática Deliberada
Para evoluir para um nível de competência comunicacional mais elevada é importante lançar mão da Prática Intencional, que, entre outros, significa praticar prestando atenção e com o objetivo de aprender. Por exemplo, estando atento aos erros e acertos de uma conversa com seu chefe, ou à forma como conduziu uma apresentação e buscando lições para melhorar aspectos específicos.
Esse tipo de prática proporciona uma boa evolução. Mas é possível ir mais além, aplicando a Prática Deliberada, que tem alguns outros ingredientes, dentre os quais o mais importante é a existência de um observador externo que ajuda a pessoa a perceber e refletir sobre aspectos (da Soft Skill nesse caso) que precisam ser aperfeiçoados.
É aqui que emerge o conceito de Leader Coach, quando o líder interage sistematicamente com o liderado fazendo-o questionar a forma como se sente e pensa com relação as atividades que desenvolve bem.
O liderado passa analisar os resultados atingidos ao invés de agir de forma autocrática impondo comportamentos e acreditando que o seu modo de fazer as coisas é o melhor, senão o único.
Quais são os treinamentos de Soft Skill?
O desenvolvimento de uma competência acontece, em grande parte, quando se adicionam técnicas e conhecimentos aos comportamentos naturais de cada indivíduo.
É por isso que um treinamento tem um grande impacto no desenvolvimento das competências. O treinamento ajuda o participante a incorporar técnicas e conhecimentos que têm o poder de alavancar as competências.
Tomando mais uma vez o exemplo da comunicação para ilustrar a questão das soft skills: o entendimento da estrutura de uma apresentação e a compreensão de recursos como o story telling, metáforas e o apoio visual pode acelerar a evolução na realização de exposições públicas de um profissional.
Esse exercício se torna ainda mais efetivo quando uma pessoa entende quais são os seus talentos naturais e percebe que sua capacidade de melhorar a performance numa determinada área vem da da adição de técnicas e conhecimentos ao seu próprio estilo, fazendo as coisas em consonância com sua essência.
Um grande apresentador é alguém que pega o que aprendeu e aplica dentro do seu próprio perfil e não alguém que tenta imitar outro grande orador.
O que é coaching para desenvolvimento das Soft Skills?
Eis outra ferramenta utilíssima no desenvolvimento das soft skills. Como já dissemos, o próprio líder pode — e deve — agir como um coach, mas a relação de subordinação impõe alguns limites na sua atuação nesse sentido. Um coach externo é alguém que tem um distanciamento muito útil para a evolução do coachee (o indivíduo que passa pelo treinamento do coach).
Através de perguntas colocadas com inteligência e precisão, o coach consegue fazer com que o coachee entenda as circunstâncias dentro das quais opera, estabeleça objetivos de desenvolvimento das soft skills e trace planos de ação para tal.
O mais importante, o coach acompanha o coachee nas tentativas de praticar o que foi planejado e na organização dos aprendizados decorrentes — positivos e negativos — gerando ciclos sucessivos de planejamento, execução, avaliação e correção de rumo até o desenvolvimento da competência desejada.
Qual a relação de terapia e Soft Skills?
Uma abordagem muito pouco utilizada no desenvolvimento de uma Soft Skill é a Psicoterapia. Muitas vezes aspectos emocionais mais profundos dificultam o desenvolvimento de uma competência específica.
Continuando com o exemplo da comunicação: talvez o profissional tenha algum bloqueio que gera pavor diante do público o que o impossibilita de fazer boas apresentações. Um psicólogo competente pode ajudá-lo a visitar eventos do passado que levaram a esse medo excessivo e usando recursos adequados pode levar essa pessoa a superar ou minimizar tal dificuldade.
Um líder lúcido e atento consegue identificar situações em que o liderado precisa de um apoio especializado nessa área e sugerir que a pessoa peça ajuda para um profissional capacitado.
Ainda é incomum que a empresa pague por esse tipo de abordagem, mas já existem casos onde isso acontece e acreditamos que essa será uma ferramenta cada vez mais frequentemente usada no universo corporativo.
Esperamos que com esse conteúdo, tenha ficado claro como é indispensável a dedicação em desenvolver as soft skills. Não significa que as habilidades cognitivas não sejam importantes, e sim que para se ter sucesso na carreira, é necessário atender a essas exigências do mercado de trabalho.
Mas, o que você acha sobre esse assunto? Também acredita na importância das Soft Skills no desenvolvimento profissional? Compartilhe sua opinião nos comentários.