Resumo do Livro “The Opposable Mind” (A Mente Oponível) de Roger Martin
Ao imitar o que um grande líder fez em uma situação específica, você provavelmente ficará terrivelmente desapontado com seus próprios resultados. Por que? Sua situação é diferente.
Preparamos por aqui um resumo para você! E se gostar, corra para a sua livraria favorita.
Capítulo 1: Escolhas, Conflitos e a Fagulha Criativa.
Uma parte significativa dos líderes de negócios bem sucedidos estudados por Roger Martin têm uma característica em comum: a capacidade de compatibilizar duas ideias diametralmente opostas, produzindo uma síntese superior a ambas. Martin batizou essa competência de Pensamento Integrativo, uma forma de articular as ideias gerando uma tensão positiva entre perspectivas opostas. Em um mundo extremamente complexo com múltiplas forças agindo sobre as organizações contemporâneas, encontrar formas de tomar decisões que incorporem opções aparentemente excludentes é um grande diferencial.
Capítulo 2: Sem Estômago para o Segundo Lugar.
Qualquer decisão que tomamos passa por, pelo menos, quatro grandes fases: (1) Saliência: a percepção de variáveis que influenciam a situação; (2) Causalidade: a compreensão de como essas variáveis interagem; (3) Arquitetura: definição dos passos que levarão à decisão e sua implementação; (4) Solução: a definição de indicadores de que o sucesso foi atingido. Os pensadores integrativos usam esse mesmo caminho, mas passando por cada uma das fases de forma diferente. Na fase da Saliência eles têm a capacidade de identificar variáveis fora do radar das outras pessoas daquela indústria. Depois, conseguem perceber relações de Causalidade que estão escondidas pelas crenças cristalizadas no setor. Na hora de construir a nova Arquitetura eles mantém as aparentes contradições ativas com as múltiplas variáveis interagindo ao invés de pensar de forma linear. Por fim consideram encontrar uma Solução que contemple o melhor de lados aparentemente opostos, de forma criativa, ao invés de aceitar que devem escolher entre alternativas. Foi assim, por exemplo, que Isadore Sharp encontrou o caminho para criar o Four Season: um hotel que consegue harmonizar o aconchego dos pequenos hotéis familiares com a infraestrutura de serviços dos grandes hotéis. Dirigido aos executivos e oferecendo uma experiência única baseada em um atendimento superior essa abordagem tem como pilar central o respeito profundo e genuíno pelos colaboradores em uma indústria que sempre se relacionou com os funcionários de uma maneira transacional.
Capítulo 3: Realidade, Resistência e Resolução.
A premissa fundamental que permite aos melhores pensarem de forma diferente é a compreensão de que aquilo que chamamos de realidade é na verdade uma mapa mental da realidade e que portanto pode ser questionado e mudado. A.G.Lafley questionou a verdade estabelecida na P&G de que toda inovação deveria vir de dentro da empresa e criou um modelo de inovação aberta que potencializou a velocidade de inovação ao mesmo tempo que liberou recursos para investir em marketing. Bob Young questionou a escolha binária entre softwares proprietários e softwares livres, e criou a Red Hat: um novo modelo de negócio equilibrando o melhor dos dois mundos, distribuindo o sistema operacional Linux pela internet, gerando massa crítica, organizando suas atualizações e prestando serviços. Piers Handling conseguiu catapultar o Festival Internacional de Filmes de Toronto para a elite do setor através da criação do Prêmio de Escolha Popular que conseguiu compatibilizar o prestígio das grandes premiações com júri especializado e a participação dos frequentadores de festivais.
Capítulo 4: Dançando Através da Complexidade.
Os negócios contemporâneos, assim como diversas áreas do conhecimento humano, funcionam baseados em paradigmas de simplificação e especialização. As organizações procuram facilitar o trânsito em ambientes complexos que são, decompondo-os em sub domínios e tratando-os de forma autônoma. Isso gera conforto mas limita muito a capacidade de considerar variáveis importantes na leitura da realidade. E a especialização é um tipo de simplificação, em que cada área de especialidade acaba por desenvolver seu conjunto de variáveis salientes, relações de causalidade, linguagem e cultura. Ela leva ao desenvolvimento de soluções através de processos sequenciais ou paralelos em que cada área trabalha independentemente barrando o Pensamento Integrativo. Considerando a quantidade de conhecimento disponível no mundo, é muito difícil que alguém consiga ganhar profundidade em todas as áreas e ao mesmo tempo conseguir amplitude suficiente para o Pensamento Integrativo. Mas uma equipe adequadamente articulada consegue fazer isso, sob a liderança de alguém com o pensamento integrativo.
Capítulo 5: Mapeando a Mente.
O desenvolvimento do pensamento integrativo passa por três elementos que constituem o sistema de conhecimento pessoal: (1) Postura, que é o modelo mental que determina como você vê o mundo em que você vive e seu lugar nele; (2) Ferramentas, que formam o conjunto de conhecimentos e técnicas que você desenvolve para lidar com esse mundo; e (3) Experiências que desenvolvemos ao utilizar tais ferramentas no mundo que consideramos verdadeiro e que nos permitem fazer emergir sensibilidades e habilidades. Tais experiências acabam por influenciar o desenvolvimento das ferramentas, que por sua vez moldam a nossa postura em um ciclo de auto-reforço que pode ser virtuoso ou vicioso dependendo da forma como se estabelece.
Capítulo 6: O Projeto de Construção.
Pensadores integrativos são diferentes entre si, mas suas crenças têm em comum seis características. Três, relativas ao mundo que os cerca: (1) Eles acreditam que qualquer modelo que existe no momento presente não é a realidade, mas uma representação dela; (2) Eles acreditam que modelos, estilos e abordagens conflitantes não devem ser temidas, mas visto como oportunidades de alavancagem; (3) Eles acreditam que sempre existem modelos melhores a serem descobertos. As outras três crenças são relativas ao seus papéis no mundo: (4) Eles acreditam, que não só existem modelos melhores como eles são capazes de de trazer esses modelos melhores da teoria para a prática; (5) Eles se sentem confortáveis transitando na complexidade para fazer emergir o novo modelo melhor; (6) Eles se dão o tempo necessário para criar esse modelo melhor.
Capítulo 7: Um Salto da Mente.
Pensadores Integrativos usam, pelo menos, três ferramentas: (1) Raciocínio Generativo, que está ligado com a capacidade de pensar abdutivamente a partir de situações com informações incompletas, construindo conexões experimentais por tentativa e erro iterativas, ao invés de se fiar apenas no raciocínio indutivo ou dedutivo; (2) Modelagem Causal, na qual o pensador integrativo torna consciente as relações de causa e consequência que sustentam suas conclusões, atento para as relações não lineares que emergem na dinâmica de sistemas; e (3) Inquisição Assertiva, uma forma de explorar o modelo mental do pensador em confronto com o de outra pessoa.
Capítulo 8: A Riqueza da Experiência.
Ao viver experiências, os pensadores integrativos aprofundam sua maestria enquanto nutrem sua originalidade. Diferentemente daqueles que apenas valorizam a maestria e repetem experiências e tornando-se cada vez mais crentes num conjunto específico de ferramentas e conseguindo sucesso quando diante de situações típicas, mas enfrentando dificuldades todas as vezes que a realidade não corresponde ao script conhecido. Realidade que exige disposição para experimentar e abertura para buscar novas rotas em um processo que envolve tentativa e erro com prototipagem iterativa. E quando se defrontam com situações assim, os pensadores integrativos ousam experimentar e descobrir novos caminhos. E quando são bem sucedidos, reforçam a crença de que são capazes de criar caminhos não convencionais que compatibilizam ideias aparentemente conflitantes e passam a contar com um novo conjunto de ferramentas ampliando seu repertório. Quando não têm êxito eles não se entrincheiram no pensamento convencional, mas se perguntam: o que deveria ser verdade para que esse novo desafio seja solúvel.
Referência: Livro “The Opposable Mind” (A Mente Oponível) de Roger Martin. Editora: Harvard Business School Press.