Resumo do Livro “The Perfection Trap” (A Armadilha da Perfeição) de Thomas Curran
A sociedade transmite continuamente a necessidade de querer mais e de ser perfeito. Reunindo uma ampla gama de evidências contemporâneas, Curran oferece “uma visão clara de como o perfeccionismo e sua ‘obsessão capitalista com crescimento ilimitado’ contribuíram para o descontentamento e a insegurança em massa”.
Preparamos por aqui um resumo para você! E se gostar, corra para a sua livraria favorita.
Prólogo
A cultura ocidental está permeada por fantasias perfeccionistas. Uma obsessão idiota por crescimento contínuo a qualquer custo, alimentada pela sensação de que todos, exceto nós, são naturalmente perfeitos. O resultado é o perfeccionismo: a psicologia de um sistema econômico que nos inclina a superar os limites humanos e nos faz acreditar que não somos bons o suficiente, por mais que façamos.
Parte 1: O Que é o Perfeccionismo?
Capítulo 1: Nossa Fraqueza Favorita.
Nas entrevistas de emprego as pessoas adoram citar o perfeccionismo como seus pontos fracos. Revelando uma sutil percepção de que ele é, em sua essência, um defeito, enquanto, ao mesmo tempo, valorizam seu alinhamento com um mundo em que estar na média é indesejável. Numa cultura em que as pessoas têm intolerância com a imperfeição, em graus diferentes, mas crescentes. O preço é a alienação de nós com relação a nós mesmos, em uma rota que nos empurra rumo à armadilha da perfeição, drenando vida das nossas vidas.
Capítulo 2: Me Diga que sou Suficiente.
Perfeccionismo não é considerada oficialmente uma doença da mente, mas poderia ser. Porque o perfeccionismo não é apenas o estabelecimento de altos padrões de desempenho que nos impomos. É principalmente os padrões que acreditamos que os outros esperam de nós. E que nos arremessam numa vida defensiva, na qual escondemos cada falha ou fraqueza daqueles que nos cercam. Frequentemente baseados em uma vergonha de nós mesmos. Uma preocupação de quem nós somos e quão inadequados somos. Um receio de que percebam que não nos encaixamos quando nossas imperfeições forem reveladas. E esse perfeccionismo está baseado em três pilares: o perfeccionismo auto orientado; o perfeccionismo orientado para o outro; e o perfeccionismo socialmente orientado.
Parte 2: O Que o Perfeccionismo Faz Conosco?
Capítulo 3: O Que Não te Mata.
Estudos ao redor do mundo confirmam que perfeccionismo tem uma forte correlação com danos mentais e emocionais. Apesar de na superfície o perfeccionismo auto orientado indicar auto estima e emoções positivas, em uma análise mais profunda ele está associado a depressão, ansiedade, desesperança, auto-imagem distorcida e anorexia. E o risco não está nos padrões que você se impõe, mas nos padrões que você acha que os outros impõem a você. E que geram enormes impactos, como por exemplo uma maior sensação de culpa ou vergonha quando diante de situações estressantes. Mas o pior é que pessoas perfeccionistas são as que mais resistem à busca de ajuda, pois isso significa a admissão explícita da sua imperfeição. Enfim, o perfeccionismo é como correr numa esteira em velocidade máxima com o seu fôlego terminando e você fazendo o impossível para continuar porque os outros estão olhando. Até que alguém joga algo na esteira e você perde o equilíbrio.
Capítulo 4: Comecei Algo que Não Posso Terminar.
Alguns estudiosos do tema defendem que existe um perfeccionismo bom e um ruim. E são criticados. Mas eles argumentam que há um lado positivo, pois as evidências mostram que o perfeccionismo auto-orientado é uma poderosa fonte de motivação, ética de trabalho e persistência. O problema é que as pesquisas constatam que o esforço oriundo do perfeccionismo não leva ao êxito. Os perfeccionistas sofrem e não ganham nada com isso. Porque são levados a um nível de esgotamento e burnout que embotam sua performance.
Outros dizem que buscar a excelência é bom, buscar a perfeição é doentio. Parece um caminho melhor, mas não um antídoto, pois o risco de passar da busca pela excelência para a busca da perfeição é altíssimo. E o pior é que ainda existe um efeito colateral: o receio de não atingir o nível idealizado, frequentemente, leva as pessoas à protelação, que não é uma questão de gestão de tempo, mas uma questão ligada a gestão da ansiedade. Os perfeccionistas usam a procrastinação como uma estratégia de sobrevivência contra os danos emocionais que podem surgir com um eventual fracasso. E isso é muito ruim na era atual onde o acerto vem dos aprendizados com os erros.
Capítulo 5: A Epidemia Oculta.
A penetração e a velocidade de crescimento da necessidade de ser perfeito indica uma verdadeira epidemia de perfeccionismo. Principalmente baseada na sua dimensão socialmente orientada, a mais perigosa de todas, e que vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos, o que é alarmante já que ela não leva a maior produtividade e traz consequências de saúde mental perigosas. Isso mostra que a expectativa da sociedade está além do da capacidade máxima das pessoas, embora continue normalizada pela sabedoria convencional.
Parte 3: De Onde Vem o Perfeccionismo?
Capítulo 6: Alguns Perfeccionistas são Maiores que Outros.
As evidências científicas indicam que 30% do perfeccionismo auto orientado é herdado, mas o restante é aprendido inicialmente com os pais, mas principalmente pelos outros agentes sociais como amigos, escola, mídia e outras instituições, que vêm construindo uma cultura que nos empurra a formar uma visão idealizada de nós mesmos e depois perseguí-la incansavelmente com base em uma crença de que nunca somos o suficiente.
Capítulo 7: O Que eu Não Tenho.
Na base desse fenômeno está uma economia que precisa de expansão contínua e por isso lança novos produtos e serviços o tempo todo alimentando a percepção de que o que temos é ultrapassado e velho nos levando a um frenesi de busca pelo novo, que acreditamos ser fundamental para nossa vida e sem o que não somos legais nem atraentes o suficiente, o que mostra que a nossa sociedade está construída com base no descontentamento. E apesar de vivermos a era mais abastada da história, estamos mais inseguros e insatisfeitos do que nunca. Esse é um dos maiores motivos do alto nível de endividamento atual das pessoas. Embora os estudos mostrem que a partir de um determinado nível de renda e consumo o bem estar e a felicidade não aumentam.
Capítulo 8: O que ela Postou.
A tensão entre a vida idealizada pelas mídias sociais e a realidade é uma das grandes fontes de busca pela perfeição atualmente, e os estudos das próprias empresas da área mostram o quanto isso está levando a problemas emocionais preocupantes, levando inclusive a suicídio. E tudo fica mais dramático com a onipresença dos smartphones que nos lembram o tempo todo que tem alguém mais rico, mais bonito e mais bem sucedido, enquanto nos afastam de atividades mais meditativas e sociais que poderiam diminuir o problema. E é muito cômodo transferir a culpa para as empresas desse mercado (que também trazem seus benefícios), quando é possível agir no sentido de usar essa ferramenta da forma certa e equilibrada.
Capítulo 9: Você Ainda Não Conseguiu.
A ideia de meritocracia é uma das grandes alimentadoras do perfeccionismo no mundo atual. Afinal se vivemos num mundo que premia o mérito, estar na média ou abaixo dela é uma grande demonstração de fracasso o que faz com que os privilegiados se sintam obrigados a vencer e cria ainda mais dificuldades para as minorias que acabam recebendo a alcunha de indolentes pois largam muito atrás e são cobrados pelo sucesso na mesma medida. E os jovens são os que mais sofrem já que vêm sentindo um aumento avassalador e crescente da pressão pelo sucesso em todas as esferas da vida. Já na escola recebem uma cobrança enorme frequentemente através de testes e provas desde muito cedo. O curioso é que países como a Finlândia onde isso não acontece o desempenho vem se mostrando melhor.
Capítulo 10: Perfeccionismo Começa em Casa.
A pressão que os pais recebem da cultura de perfeição são transmitidas aos filhos, o que é bastante relevante já que na fase inicial da vida, as crianças são muito suscetíveis a todos os impactos, principalmente os emocionais e particularmente ligados à aprovação e afeto dos progenitores. Os pais que mais influenciam seus filhos nesse sentido são os chamados “pais helicópteros”: hiper presentes na vida das crianças, especialmente no tocante à educação. Esse comportamento faz com que os filhos se sintam envergonhados a cada falha, o que alavanca grandemente a vontade de ser perfeito. E o pior é que pais perfeccionistas tendem a criar filhos perfeccionistas num crescimento constante, atingindo níveis insuportáveis como os atuais. O antídoto passa pela demonstração de amor incondicional dos pais, que podem até deixar claro a expectativa por desenvolvimento e resultado, mas desconectando uma coisa da outra.
Capítulo 11: O Trabalho Dignifica.
É no trabalho que a busca pela perfeição ganha contornos mais dramáticos. Fazer o suficiente é considerado inaceitável. O medo de perder o emprego empurra todos rumo a um nível cada vez mais insuportável de dedicação e pressão pela excelência. E aqueles que escolhem o caminho da autonomia não ficam mais tranquilos. A busca pela sobrevivência do profissional liberal pode ser extremamente desgastante. Pela primeira vez na história os membros mais abastados da sociedade se vangloriam da quantidade de trabalho realizado. Fenômenos como o quiet quitting e great resignation nascem do questionamento do quanto essa cultura vale a pena; mas as pessoas não estão encontrando alternativas. O que é triste, pois as pesquisas mostram que colaboradores que conseguem ter uma vida mais equilibrada são mais produtivos do que aqueles que entram em burnout. Empresas que entendem isso e que criam segurança psicológica para que todos assumam suas humanidades e imperfeições são mais criativas, inovadoras e produtivas.
Parte 4: como Podemos Aceitar a Imperfeição Rumo ao Bom Suficiente?
Capítulo 12: Aceite-se.
O maior problema do perfeccionismo é que os perfeccionistas não percebem que esse é o problema. As pessoas acham que perfeccionismo é simplesmente uma reação natural a um ambiente exigente. E vão além: acham que ser perfeccionista é desejável. A consequência é excesso de trabalho e excesso de consumo para tentar ser a pessoa ideal que tem o ideal. Nem os fracassos são perdoados. Eles não são vistos como a consequências naturais da nossa humanidade. Num mundo perfeccionista eles devem ser encarados como fontes de aprendizado e desenvolvimento. Mas o que fazer se a solução passa por mudar o sistema e nós não temos força para isso? Além de tentar colocar no poder pessoas que queiram mudar esse sistema, nós podemos começar a acreditar que não precisamos buscar a perfeição, o crescimento e a melhoria o tempo todo. Ao contrário devemos nos aceitar como somos e entender que o bom suficiente é bom suficiente se queremos saúde psíquica. A oposição vai ser grande. Mas a recompensa também. O foco vai ficar no processo, no aprendizado, na satisfação e na autodescoberta e não nos resultado, benchmarks, prêmios e status.
Capítulo 13: A Sociedade Pós Perfeccionista.
Quem trabalha com jovens sabe que essa mudança já está começando. Eles estão percebendo ainda novos o que as gerações passadas demoraram muito a descobrir. E estão inclinados a se libertar da mórbida dependência do crescimento econômico constante e buscar a estabilidade como política global focando em saúde, felicidade e relacionamentos ao invés de PIB. Para isso algumas medidas precisam ser estudadas, tais como: buscar outras métricas além das econômicas para o êxito; curar a doença da desigualdade; e proporcionar uma receita básica para todos; entre outras.
Refereência: Livro “The Perfection Trap” (A Armadilha da Perfeição) do autor Thomas Curran. Editora: Scribner Book Company.